Festival de besteiras, o retorno

Imagino que uma parte importante do leitorado não se lembre do Febeapá, o Festival de Besteiras que Assola o País, uma série de três livros, o primeiro deles lançado em 1966, de autoria de Sérgio Porto, notável cronista.

Já em janeiro, o excelente jornalista que é Marcos Augusto Gonçalves dizia que “este início da gestão de Jair Bolsonaro vem se revelando particularmente promissor para quem pretenda lançar uma nova compilação de besteiras das autoridades governamentais".

Pois é, Marcos, você foi premonitório: a continuação do governo produziu a obrigatoriedade de ressuscitar Stanislaw Ponte Preta (o pseudônimo de Sérgio Porto), dada a quantidade de idiotices produzidas pelo presidente e por alguns de seus ministros e seguidores.

O pior é que nós, jornalistas, acabamos sendo engolidos pela necessidade de tratar de tais besteiras, que não produzem uma única vírgula de tentativa de solução para os problemas brasileiros.

Vejamos apenas duas das mais recentes idiotices dos ocupantes do poder. Primeiro, dizer que não houve ditadura no Brasil, a partir de 1964. Não adianta discutir se houve ou não (deixo claro que houve, sim). Não vai reescrever a história, não vai ressuscitar um só dos mortos pela ditadura, não vai devolver o mandato aos 4 mil e tantos cassados arbitrariamente pelo regime.

Digamos, só para raciocinar, que Bolsonaro baixe decreto dizendo que não houve ditadura. Quantos empregos serão criados? Zero. Quanto a economia letárgica como está vai crescer? Nada. Quanto diminuirá a fila nos postos de saúde? Nada. E por aí vai.

Vale idêntico raciocínio para um eventual decreto estabelecendo que o nazismo é de esquerda. O Holocausto desaparecerá? A Alemanha ganhará a guerra? E, no Brasil, os partidos de esquerda passarão a adotar a suástica como símbolo? Haverá mais empregos, mais saúde, mais educação, mais crescimento? Não, não e não.

Mas, enfim, o que se pode esperar se não um festival de besteiras de quem tem como guru uma piada chamada Olavo de Carvalho?


 

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