Felipão estuda improvisar Ricardo Goulart como atacante no Palmeiras
O meia-atacante Ricardo Goulart, 27, deverá começar a escrever sua história no Palmeiras fora de sua posição favorita. Mesmo após dizer que prefere atuar fora da área, o técnico Luiz Felipe Scolari pretende escalá-lo pelo menos nas próximas rodadas como atacante.
Isso já aconteceu no último domingo (17), no empate sem gols contra a Ferroviária, quando o camisa 11 precisou entrar em campo no início do segundo tempo por falta de opções no banco de reservas palmeirense –o meio-campista Gustavo Scarpa está lesionado e o centroavante Deyverson, suspenso até a última rodada da primeira fase do Paulista.
“Sou meia-atacante, mas se o Felipão quiser contar comigo como atacante vou fazer o meu melhor”, havia dito o jogador em sua apresentação no clube.
A posição é uma das principais carências do time de Felipão. Único jogador à disposição da comissão técnica no momento, Miguel Borja que não vem rendendo o esperado, perde gols claros e tem irritado a torcida palmeirense com frequência.
Apesar de não ser um camisa 9 de origem, para ídolos do Palmeiras como Evair e Oséas, Ricardo Goulart pode exercer esse papel.
“Excelente jogador. Ele tem facilidade para jogar como 9, pelos lados do campo e pelo meio. Acredito que seja um cara que vai poder cumprir todas essas funções. Acho que será aquele cara que tem que empurrar a bola para dentro”, avaliou Evair, em entrevista à Folha.
“Acredito que o Ricardo Goulart pode ser, sim, o atacante do time. Eu me recordo dele no Cruzeiro, como centroavante que se movimenta bastante, mas não o acompanhei muito na China. Porém, é um jogador que sabemos a qualidade”, disse Oséas, que sabe que os centroavantes palmeirenses não vivem sua melhor fase.
“Sei que Borja está numa fase irregular e também tudo que vem acontecendo com o Deyverson, mas se tratando de Palmeiras, as competições que o clube disputa tem que ter um plantel forte”, completou o ex-centroavante.
No Cruzeiro, de fato, Goulart às vezes se alternava com Júlio Baptista no forte ataque do técnico Marcelo Oliveira.
“Se ele tiver um cara para alternar com ele, por exemplo: o cara vem e ele fica um pouco... ele vem para trás um pouco para receber e o outro vai para frente, aí pode dar certo”, disse o ex-treinador de Goulart, à reportagem.
Inteligente, dinâmico, objetivo e versátil. Essas são as principais características do principal reforço do Palmeiras para esta temporada.
Quando se destacou no Goiás, em 2012, Goulart era meia-atacante ou um falso camisa 10 que, no ano seguinte, foi contratado pelo Cruzeiro para atuar desta forma. Na Raposa, Goulart venceu as duas edições do Campeonato Brasileiro que disputou. Em 2014, inclusive, ele foi o melhor jogador da competição.
Bastaram duas temporadas eficientes para despertar o desejo do Guangzhou Evergrande, da China, time que o atual camisa 11 de Felipão defendeu por quatro temporadas e conquistou vários títulos importantes.
Desde 2013, o jogador vence todos os campeonatos nacionais que disputa (Cruzeiro 2013 e 2014 e Guangzhou Evergrande 2015, 2016, 2017 e 2018) .
Para Marcelo Oliveira, o jogador “não é altamente habilidoso, mas é conclusivo, decisivo, tem um senso de colocação e conclusão muito bons.”
O comandante diz, ainda, que Felipão vai saber ajustar o jogador da melhor forma e que, para ele, Goulart pode fazer duas funções interessantes.
“A primeira, como um meia-atacante, um meia ponta de lança, não é um armador, mas um cara que volta próximo do centroavante”, disse o treinador, atualmente sem clube.“
"E, de trás, ele penetra na área para fazer os gols. Ele pode jogar como um segundo homem, voltando um pouco só para tocar a bola e chegando na área ou, então, dependendo do time, se tiver vários jogadores, rápidos armadores, ele pode ser um atacante solto, como alguns times estão jogando tanto no Brasil como na Europa.”
Mesmo não estando em sua melhor condição física, o palmeirense mostrou que pode fazer a diferença. Goulart precisou de pouco tempo em campo para deixar Borja na cara do gol, mas o camisa 9 desperdiçou a oportunidade.
“Essa é uma característica marcante dele. Ele toca de primeira, uma ou outra vez, mesmo tocando de primeira, ele vai colocar alguém em condição de fazer gol, mas ele vindo de trás ele pode render mais”, concluiu Marcelo Oliveira.