Facebook promete dar transparência para todos os anúncios publicitários
O Facebook lançou nesta quinta-feira (28) uma nova seção em suas páginas, em todo o mundo, chamada Informações e Anúncios, que apresenta dados publicamente sobre os anúncios promovidos pelos perfis --sejam eles de grande anunciante ou pessoa física.
"Estamos tornando todos os anúncios transparentes", afirmou Sheryl Sandberg, diretora de Operações do Facebook, em entrevista coletiva por vídeo, desde Menlo Park, sede da empresa na Califórnia, para jornalistas em Nova York, Cidade do México e São Paulo.
Segundo ela, a mudança levará a plataforma social e os próprios anunciantes a responderem mais pelo conteúdo publicado.
Sandberg disse ainda que todos terão de prestar contas, dando aos usuários "a capacidade de encontrar coisas que não deveriam estar lá" --e provocando a sua revisão e eventual retirada.
Em suma, a nova ferramenta permite que qualquer pessoa, no Facebook, visite uma página e visualize todos os seus anúncios ativos --ou seja, que estão sendo impulsionados na plataforma.
Vale não só para a rede, mas para Instagram e Messenger, serviços ligados a ela.
Permite também que as pessoas saibam mais sobre os administradores das páginas, até mesmo a data em que tenham sido feitas alterações de nome, por exemplo.
As mudanças foram testadas no Canadá e estendidas ao resto do mundo, a partir desta quinta.
"Nosso objetivo é simples: queremos que as pessoas entendam o que estão vendo", disse Sandberg.
Ela acrescentou também que o alvo final são os "maus anúncios, de agentes mal-intencionados".
A nova ferramenta, argumentou, facilitará "erradicá-los" da plataforma.
Questionada, admitiu que as mudanças já trouxeram "atrasos" na postagem de publicidade, o que tende a prejudicar os anunciantes, até mesmo os maiores.
Sandberg acrescentou porém não acreditar que eles "tenham impacto significativo na receita" do Facebook.
"Mas, sim, há atrasos agora", disse a diretora. "Não gostamos de atrasos no sistema, mas mais revisão manual e mais verificação significam mais atrasos."
"Nós já divulgamos que iremos aumentar os revisores de 10 mil para 20 mil pessoas. E humanos não revisam como máquinas", afirmou Sandberg.
Argumentou ainda: "Parte do custo dos freios e contrapesos que estamos introduzindo no sistema são esses atrasos, e as pessoas precisam entender que será assim. Vamos torná-los mínimos, mas haverá atrasos, conforme tentamos tornar as coisas mais transparentes".
Sandberg também relatou ter ouvido de anunciantes a reclamação de que as mudanças na rede podem expor suas estratégias digitais para os concorrentes.
Ele disse, porém, não esperar "uma mudança significativa no desejo deles de se engajarem com a plataforma por causa disso".
PROPAGANDA ELEITORAL
O Facebook anunciou também que vai estender ao Brasil duas ferramentas já usadas nos Estados Unidos, para propaganda eleitoral.
As campanhas precisarão se registrar e seus anúncios terão uma marca [tag]; e eles irão para um arquivo público, que incluirá dados sobre sua produção.
O registro, a ser realizado por candidatos, partidos, coalizões ou seus representantes, como determinado pela legislação eleitoral, será aberto em julho. As mudanças entram no ar em 16 de agosto, com a abertura oficial da propaganda eleitoral.
Questionada, Sandberg disse que o Brasil é o primeiro país fora dos EUA com as ferramentas eleitorais, mas que outros virão: "Tentamos priorizar as coisas para as eleições, daí o Brasil. Estamos nos movendo o mais rápido possível. É um bocado de trabalho".
Rob Leathern, diretor de Gerenciamento de Produto do Facebook, afirmou que ainda não é possível dizer quais dados de anúncios políticos serão divulgados no histórico.
"Nas próximas semanas, vamos anunciar o que poderá ser diferente dos EUA", acrescentou Leathern. "Obviamente, estamos em contato com os reguladores [brasileiros, como a Justiça Eleitoral]."
No fim da entrevista, Diego Dzodan, vice-presidente para América Latina, ressaltou o fato de o Brasil "ser o segundo país no mundo" a adotar as ferramentas, que vão "dar visibilidade", até mesmo para a imprensa, ao que os candidatos estão promovendo na rede.
Ele deixará a rede social em setembro.