Estádio em que Ronaldo marcou e derrubou alambrado está abandonado em SP

Ronaldo fez 414 gols na carreira. Alguns ficaram marcados na história. É o caso de um que completa dez anos no próximo dia 8 e está na memória do torcedor corintiano: o primeiro do atacante com a camisa da equipe.

Em um clássico contra o Palmeiras, válido pelo Paulista, o Fenômeno completou de cabeça um escanteio e evitou a derrota de seu time nos acréscimos do segundo tempo. 

Mais emblemático que o gol foi a comemoração. Ele correu em direção a torcida e subiu no alambrado do estádio Prudentão, em Presidente Prudente, que despencou.

A cena repercutiu mundialmente. Era mais um renascimento do atacante, na época com 32 anos,. O palco daquele feito está abandonado. 

Com capacidade para 45 mil pessoas, o estádio tem dois setores da arquibancada interditados em razão de rachaduras e erosão, o acesso ao vestiário ficou destelhado, o placar eletrônico está quebrado, além da falta de manutenção,  como a pintura.

O Prudentão também não apresenta laudos de Engenharia e AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). Assim, não pode receber partidas de competições oficiais. 

A última foi em julho do ano passado, quando o Grêmio Prudente enfrentou a Santacruzense, pela primeira fase da Série B do Paulista, equivalente a quarta divisão. 

Desde então, o estádio é usado apenas para partidas das escolinhas de base da prefeitura e jogos do campeonato amador da cidade.

“Realmente precisamos dar uma repaginada e fazer as reformas necessárias, mas mexer hoje no local com a atual situação financeira da nossa cidade seria uma incoerência. Temos outras prioridades como a educação e a saúde. Não posso usar essa verba para reformar o estádio agora”, disse o ex-atleta Claudinei Quirino, 48, secretário de esportes de Presidente Prudente. 

Medalhista de prata na Olimpíada de Sydney no revezamento 4 x 100 m, Quirino estipula que o valor necessário para fazer as reformas e conseguir os laudos de vistoria é de cerca de R$ 1,5 milhão.

 

 “Tínhamos que ter o laudo de engenharia para jogar a Série B do Paulista e receber outros jogos de competições oficiais. Porém, não adianta pagar porque não temos nenhum time competindo. Mas não estamos parado. Estou procurando uma empresa privada para dar uma reformada no estádio, mas hoje ninguém quer investir pela situação financeira que o país atravessa”, acrescentou. 

Claudinei Quirino ainda não havia assumido a pasta quando o estádio recebeu a última partida de um campeonato de elite do futebol brasileiro. Em 2016, o local sediou a goleada do Água Santa sobre o Palmeiras por 4 a 1, pelo Paulista. 

O time de Diadema escolheu jogar em Presidente Prudente porque seu estádio tinha capacidade para apenas dez mil pessoas e viu a partida como uma fonte de arrecadação. Com o Palmeiras em um momento ruim no torneio, o público pagante foi de 2.821. 

Entre 2009 e 2016, o Prudentão recebeu 23 jogos envolvendo pelo menos um dos quatro principais clubes do estado. O primeiro gol de Ronaldo foi justamente o que teve o maior público. De acordo com o boletim financeiro, 44.479 pessoas pagaram ingressos para assistir ao confronto. 

Na oportunidade, a prefeitura da cidade fez uma placa em homenagem ao gol do atacante. “Homenagem ao primeiro gol de Ronaldo Fenômeno com a camisa 9 do Corinthians em seu retorno ao futebol brasileiro no clássico Palmeiras x Corinthians” e ao lado um boneco de 30 centímetros com a imagem do Fenômeno de costas escalando o alambrando. 

A escultura foi roubada um ano depois e jamais reposta. 

O duelo contra o Palmeiras foi o segundo jogo de Ronaldo com a camisa corintiana após ficar mais de um ano parado em razão de uma lesão no joelho em um jogo do Milan, pelo Italiano. Três dias antes do clássico, fez sua estreia pelo clube contra o Itumbiara, pela Copa do Brasil.

Em Presidente Prudente, os times profissionais da cidade - Grêmio Prudente e o Presidente Prudente- desistiram de disputar o último estágio do futebol paulista nesta temporada por falta de recursos.

O Grêmio alegou falta de ajuda do poder público até com a infraestrutura, enquanto a equipe que carrega o nome da cidade disse que se organiza para voltar na próxima temporada. 

“Tínhamos uma conversa com um empresário chinês, que tinha o interesse em investir na equipe. Porém, não conseguimos apoio nenhum da prefeitura. Nem o estádio, nem o local para treinamento, nem alojamento”, disse Zé Clóvis, diretor de esportes do Grêmio Prudente.

Quirino diz que a prefeitura foi procurada apenas para ajudar financeiramente, "o que representaria improbidade administrativa, já que não é permitida ajuda a empresa privada". 

Sem futebol profissional, os dois times e a cidade agora esperam que o Prudentão passe pelas reformas estruturais necessárias e que consiga os alvarás necessários para que possa sediar novamente partidas oficiais. 

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