Esquerda tentou empoderar minorias e caracterizar cidadão normal como exceção, diz presidente do BB

 presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, defendeu que o veto do presidente Jair Bolsonaro a uma propaganda da estatal voltada ao público jovem tem que "ser visto em um contexto mais amplo em que se discute a questão da diversidade no país", tendo em vista que na eleição "um povo majoritariamente conservador" rejeitou a sociedade alternativa que "os meios de comunicação procuravam nos impor".

Em resposta à BBC News Brasil, Novaes afirmou neste sábado (27) que a esquerda tentou empoderar minorias e caracterizar o cidadão "normal" como exceção. "Durante décadas, a esquerda brasileira deflagrou uma guerra cultural tentando confrontar pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens, homo e heterossexuais etc.

O empoderamento de minorias era o instrumento acionado em diversas manifestações culturais: novelas, filmes, exposições de arte, onde se procurava caracterizar o cidadão normal como a exceção e a exceção como regra", disse.O posicionamento de Novaes foi enviado por escrito por meio da assessoria de imprensa da instituição, após a reportagem da BBC News Brasil questionar se, na avaliação dele, o episódio abriria caminho para o veto de questões ligadas à diversidade em publicidade de estatais.

Vídeo marcado pela diversidade

Por ordem do presidente Jair Bolsonaro, o Banco do Brasil retirou do ar vídeo de uma campanha voltada ao público jovem.

Funcionário de carreira do banco, o diretor de marketing e comunicação, Delano Valentim, foi destituído do cargo. Segundo a assessoria do Banco do Brasil, ele está em férias e o seu destino na instituição será discutido após o seu retorno.

Com 30 segundos, o vídeo é voltado para o público jovem e estimula a abertura de contas do Banco do Brasil por meio de aplicativo. A peça mostra 14 pessoas, com metade dos atores negros. Jovens com diversos estilos de roupas e cortes de cabelo são retratados fazendo selfies com o celular.

O que disse Bolsonaro

A fala de Novaes está alinhada com o discurso de Bolsonaro, que, na manhã deste sábado, defendeu o veto à propaganda do Banco do Brasil e disse que a população quer respeito à família.

"Quem indica e nomeia presidente do BB, não sou eu? Não preciso falar mais nada então. A linha mudou, a massa quer respeito à família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira. Não é a minha linha. Vocês sabem que não é minha linha", afirmou Bolsonaro.

Rubem Novaes assumiu o comando do Banco do Brasil no início deste ano. Próximo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, Novaes é doutor pela Universidade de Chicago e teve passagem pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Sebrae. Também deu aulas na Fundação Getúlio Vargas.

  

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