Entenda o que é o plano de voo e como ele chega até o piloto

Em meio às comemorações do seu centenário, a British Airways teve de lidar com o constrangedor episódio de um voo que saiu de Londres para Düsseldorf, na Alemanha, e acabou pousando em Edimburgo, na Escócia —a 804 km do destino correto.

O voo estava a cargo de uma terceirizada alemã, a WDL Aviation, que opera a rota —com direito também à tripulação alemã— nos pequenos BAe 146 com capacidade para 80 a 100 passageiros. Segundo a British, o erro ocorreu na Alemanha, onde o escritório da WDL preencheu de forma incorreta o plano de voo, que foi seguido à risca pelos pilotos.

Mas, afinal, o que é o plano de voo, ou “Flight Plan”? Como antecipa o nome, ele é um conjunto de dados relevantes para o piloto se planejar ao voar na rota em questão.

Aeroporto de origem, aeroporto de destino, sugestão de aeroporto para alternar em caso de emergência, a ficha de peso e balanceamento do avião para aquele voo (considerando, por exemplo, a carga embarcada além dos passageiros), as sugestões de aerovias a serem tomadas com as respectivas altitudes recomendadas, informações meteorológicas e eventuais avisos sobre as condições do aeroporto de destino (chamados Notams, Notice to Airmen), como uma obra em andamento na pista.

Na aviação comercial com companhias aéreas, o plano não é feito pelo piloto ou comandante, e sim por um despachante, que no Brasil é conhecido como DOV (Despachante Operacional de Voo).

Por aqui, esse profissional é licenciado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e trabalha nas companhias aéreas, geralmente no aeroporto.

É o DOV quem digita no sistema os códigos de identificação do aeroporto de origem e destino, seguindo o padrão da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). Nessa hora, uma simples troca de letras no caso de siglas parecidas pode desencadear confusão, como CWB (Curitiba) e CGB (Cuiabá).

É importante ressaltar que, ainda que seja inserido por engano um aeroporto que não corresponde ao destino daquele voo, se o aeroporto inserido existir, o processo de despacho será o mesmo, o que inclui o envio desses dados para todos os centros de controle de tráfego aéreo das áreas a serem sobrevoadas durante o voo.

Foi o que ocorreu no caso do voo da British. Apesar de Edimburgo não ser o destino original do voo, o plano de voo impresso e entregue ao comandante estava correto do ponto de vista da segurança operacional, e nenhuma vida foi colocada em risco.

No caso de voos regulares, que já fazem parte da malha da companhia, a inserção dos aeroportos de origem e destino no sistema já basta para que ele apresente todo o plano de voo, que então é impresso e entregue pelo DOV ao comandante.

Nos Estados Unidos, algumas empresas já utilizam uma espécie de totem eletrônico, onde o próprio piloto imprime o plano de voo. E isso pode vir a ser a tendência no futuro.

É o que afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA), Francisco Lyra, que é piloto há 40 anos.

“No futuro a coisa vai evoluir para ter uma central de DOVs. Ele remotamente localizado confere e libera a informação eletronicamente para o piloto mesmo imprimir.”

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