Em referendo, Nova Caledônia diz não à independência da França

Em um referendo histórico, a Nova Caledônia escolheu neste domingo (4) permanecer parte da França.

Na consulta, que teve participação de cerca de 80%, a população do arquipélago teve que decidir se queria que a Nova Caledônia se tornasse independente do país europeu ou não. ​

Após o resultado, o presidente francês Emmanuel Macron disse, em uma aparição televisiva, que “não existe outro caminho que não o diálogo” no futuro do arquipélago, que é parte da França desde 1853.

O referendo integra um processo que começou 30 anos antes para acabar com a violência entre grupos a favor e contra a autonomia.

O resultado negativo ganhou com 56,4% dos votos, segundo as autoridades deste arquipélago do Pacífico que dispõe de uma das maiores reservas de níquel do mundo.
 
O apoio à permanência, entretanto, foi menor do que o previsto nas pesquisas, que indicavam uma clara vitória do “não”, com margens entre 63% e 75%.  

Carros foram incendiados e pedras foram jogadas após o término do processo —já era esperado que o resultado pró-permanência pudesse gerar tumultos.

Para garantir a segurança do plebiscito, a França enviou 250 delegados, além de contar com a presença de observadores da ONU nas seções eleitorais.

Macron manteve oficialmente uma posição neutra durante a campanha do referendo. No entanto, disse que “a França seria menos bonita sem a Nova Caledônia”.

Campanha tranquila

O referendo previsto após o acordo de Nouméa de 1998 também deve servir para reconciliar os canacos, que representam menos de 40% da população, e os caldoches de origem europeia.

Durante os anos 1980, houve uma sucessão de confrontos violentos na Nova Caledônia, cujo episódio mais trágico foi a tomada de reféns na ilha de Ouvea em maio de 1988, no qual 25 pessoas morreram, incluindo 19 separatistas canacos.

A calma, porém, prevaleceu durante a campanha do referendo.

Enquanto as províncias do Norte e as Ilhas da Loyauté, de maioria independentista, se encheram de bandeiras separatistas, os defensores da unidade com a França praticamente não se manifestaram.

Desigualdade social

Soumynie Mene, militante idependentista, de 38 anos, considerou “uma pena que as pessoas não sintam um grande interesse em um referendo preparado há 30 anos” e que lhes permitiria “virar a página da colonização”.

O FLNKS, principal partido pró-independência, defendeu que uma vitória do “sim” não representaria uma ruptura total com a França, mas manteria uma relação privilegiada com o país. 

Os grupos que defendem a permanência lembram que Paris contribui com ajuda anual de 1,3 bilhão de euros (cerca de 1,4 bilhão de dólares) para o arquipélago.

Apesar da autonomia da Nova Caledônia ter progredido em trinta anos e do reconhecimento da identidade dos canacos, existem ainda grandes desigualdades econômicas, educacionais e trabalhistas entre a população de origem europeia este povo originário.

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