Em 'gesto de paz', Paquistão liberta piloto indiano capturado na Caxemira
Um piloto indiano capturado após o Paquistão derrubar dois aviões foi devolvido à Índia nesta sexta-feira (1º). O Paquistão classificou o ato de um "gesto de paz" para tentar conter a escalada de tensão entre os países.
O tenente-coronel Abhinandan Varthaman, capturado na quarta-feira (27), na Caxemira, atravessou a passagem fronteiriça de Wagah, situada entre as grandes cidades de Lahore (Paquistão) e Amritsar (Índia). Ele foi encaminhado para avaliação médica.
O avião de Varthaman foi atingido durante um confronto aéreo entre as duas potências, algo que não acontecia há quase 50 anos.
Durante o dia, milhares de pessoas se reuniram no lado indiano da fronteira para receber o piloto, celebrado como herói nacional.
Para o analista paquistanês Hasan Askari, a liberação do piloto foi "um gesto extraordinário" por parte do governo, pois "normalmente não se devolve gente como ele tão rapidamente".
A disputa entre Índia e Paquistão pela Caxemira, que remonta à Partição da Índia, em 1947, e o apoio do governo paquistanês a extremistas que fazem ataques terroristas dentro do território indiano são questões motivos de discórdia entre os países.
Nesta sexta, houve troca de tiros na região da fronteira. Soldados indianos combateram milicianos na Caxemira. Os enfrentamentos deixaram sete mortos ao largo da linha de demarcação que divide os territórios na área disputada, segundo um policial informou à agência AFP. As vítimas foram dois milicianos, quatro soldados e um civil.
O Paquistão reabriu parcialmente seu espaço aéreo nesta sexta —os aeroportos de Islamabad, Peshawar, Karachi e Quetta voltaram a funcionar. Os outros devem retomar os voos gradualmente, segundo o departamento de aviação do país. O bloqueio de voos foi adotado na quarta (27).
A tensão entre os dois países aumentou na terça (26), quando aeronaves indianas fizeram bombardeios dentro do território paquistanês. A Índia afirmou ter destruído o maior campo de treinamento de terroristas no Paquistão, matando centenas de militantes da facção Jaish-e-Mohammad (Exército de Maomé).
O grupo terrorista que teria sido alvo do ataque assumiu a autoria de um atentado no dia 14 de fevereiro que matou 40 soldados indianos na Caxemira. O Paquistão contesta a versão indiana e afirma que nenhum centro de treinamento de jihadistas foi atingido.
A Índia tem 110 ogivas nucleares, e o Paquistão, 130.