Edson Celulari comemora 40 anos de carreira com primeiro protagonista após luta contra o câncer

Rio de Janeiro

Com 60 anos e o mesmo olhar sedutor que o fez galã durante décadas, o agora sessentão Edson Celulari encara seu primeiro protagonista desde a luta contra um câncer. Ele voltará ao ar a partir da próxima terça (31), quando estreia a próxima novela das sete da Globo, "O Tempo Não Para".

"Assumo o papel com alegria e agradecimento", diz o ator, que debutou na teledramaturgia em 1978, com o personagem Ivan em "Salário Mínimo", da TV Tupi. Em 2018, portanto, Celulari completa quatro décadas de carreira. E considera seu novo papel, o fazendeiro Dom Sabino, um presente.

"Esse personagem é imenso, de grande responsabilidade na história. É uma confiança do Mário [Teixeira, autor], do Léo [Nogueira, diretor], do próprio Silvio de Abreu [que coordena a dramaturgia da emissora] e da casa. Estou muito feliz", diz o artista.

Em junho de 2016, Celulari publicou uma foto sua careca em seu perfil no Instagram, confirmando que estava com câncer. O ator foi diagnosticado com linfoma não Hodgkin, que atinge o sistema linfático –o mesmo tipo de câncer que acometeu o ator Reynaldo Gianecchini e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Já em novembro, anunciou que estava curado e, em abril, voltou à TV em "A Força do Querer", novela de Gloria Perez. “Quando estava em tratamento, a Gloria me ligou. Ela disse: ‘Você está com a gente, né?’. E eu falei que estaria careca e inchado. Mas ela disse que me queria de qualquer jeito. Foi um grande estímulo.”

A carreira de Edson Celulari na televisão começou em 1978, quando tinha 20 anos de idade. Ele, que estudou na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, fez uma participação na novela “Salário Mínimo”, da extinta Rede Tupi. Outro papel de destaque foi em 1982, na Globo, quando interpretou o jovem Carlos de “O Homem Proibido”. De lá para cá, atuou em mais de 50 novelas.

Em uma reflexão sobre seus 40 anos de estrada, Celulari diz que, mesmo após tantos anos, sua essência é a mesma. "Acho que a gente adquire e perde coisas, e, nessa troca, a essência é o que fica. Sou de Bauru [345 km de SP] e vivi até meus 13 anos na zona rural da cidade. Não morar na zona urbana lhe dá uma visão de mundo e uma prática de vida diferenciada. Até nos valores, na relação com os animais e com a natureza. Tenho essa simplicidade até hoje."

Em quatro décadas de carreira, o ator Edson Celulari trabalhou com diversos nomes da dramaturgia brasileira. Entre eles, um destaque é a atriz Cristiana Oliveira, com quem ele dividiu cenas na novela “Vila Madalena”, exibida entre 1999 e 2000, na Globo, e na série “Animal” (GNT), de 2014.

“É um dos melhores e mais respeitadores colegas com quem trabalhei. Além de generoso e cuidadoso com os parceiros, entende tudo de cena e de luz”, conta a artista.

A trajetória do galã também foi acompanhada por especialistas em televisão. O doutor em comunicação Dirceu Lemos o vê como bom ator, mas enxerga um porém em sua carreira. “Ele teve poucas chances de interpretar um vilão. É interessante quando um artista muda as suas áreas de atuação”, analisa Lemos.

Para Francisco Machado, professor de comunicação da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Celulari marcou época: “Ele foi o primeiro galã da geração de atores que surgiu depois dos pioneiros da televisão e inspirou artistas que surgiram depois”.

"O TEMPO NÃO PARA"

Em "O Tempo Não Para", Celulari será o fazendeiro Dom Sabino (Edson Celulari), o patriarca da família Sabino Machado, que viveu no século 19. Após o naufrágio de um navio, eles ficam congelados por 132 anos e despertam já em uma São Paulo pulsante e turbulenta, em pleno ano de 2018.

]Na trama, a família e seus agregados terão de assimilar mais de cem anos de revoluções sociais, inovações tecnológicas e conquistas científicas –que, por sua vez, agregaram novos valores e comportamentos à sociedade.

“Ele é um homem do campo, que adora desatolar vaca do brejo. Acho que é um visual diferente. Tem cartola, casaca, colete, botas... Não me lembro de ter usado nada parecido”, observa Celulari.

​Colaborou LEONARDO VOLPATO

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