Diretor ligado a Araújo pede demissão de agência

A crise na Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) ganhou mais um capítulo nesta semana, com o pedido de demissão do diretor de Gestão Corporativa da entidade, Márcio Coimbra.

Segundo confirmaram à Folha interlocutores que acompanham o caso, Coimbra comunicou o governo nos últimos dias que irá se desligar da agência.

Coimbra havia sido levado à Apex — agência que atua na promoção de produtos brasileiros no exterior — pelas mãos do chanceler Ernesto Araújo, que também indicou a diretora de Negócios, Letícia Catelani.

Eles foram apontados como pivôs de uma crise que desde o início do governo Jair Bolsonaro já causou o afastamento de dois presidentes da agência, Alecxandro Carreiro e o embaixador Mario Vilalva. 

Carreiro teria se desentendido com Catelani e foi demitido menos de dez dias após assumir o cargo. Já Vilalva teve seus poderes esvaziados em uma manobra estatutária promovida pelo chanceler, que transferiu várias atribuições da presidência da agência para os dois diretores.

Em entrevista à Folha, o embaixador disse que Coimbra e Catelani eram pessoas "despreparadas e irresponsáveis" e acusou Araújo de falta de lealdade, declarações que levaram à sua demissão em 9 de abril. 

Desde a saída de Vilalva, o núcleo militar do governo intensificou a pressão sobre Bolsonaro para que os dois diretores deixassem a Apex.

Para estancar a crise, Bolsonaro decidiu nomear um militar para a presidência da Apex. Ele deve indicar o contra-almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa para comandar a agência, oficial aposentado que comandava a área de Tecnologia da Informação do ministério da Defesa. 

Coimbra deve dar expediente por mais uma semana e depois deixar o posto.

O diretor se aproximou de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República e deputado que comanda a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, ainda durante a transição.

Ele acompanhou o parlamentar e o hoje assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, numa viagem aos Estados Unidos em novembro do ano passado, quando os três se reuniram com autoridades norte-americanas e políticos do partido Republicano. 

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