Democratas antecipam disputa por 2020, e partido tem enxurrada de pré-candidaturas
Para muitos democratas, 2020 já chegou. Muitos mesmo. Já está na casa das dezenas o número de políticos e afiliados da legenda que brigam pela candidatura do partido para a corrida presidencial do próximo ano.
Do outro lado, o adversário já está praticamente definido: grandes chances de o presidente Donald Trump ter poucos concorrentes pela nomeação republicana em sua busca pela reeleição.
O campo de batalha democrata está tumultuado. A preferência do eleitorado recai sobre Joe Biden, vice-presidente de Barack Obama, que ainda não formalizou a candidatura –e há dúvidas de que vá efetivamente fazê-lo.
Pesquisa da CNN com eleitores do partido mostra que 44% muito provavelmente apoiariam ele, contra 32% da senadora Kamala Harris, da Califórnia, e 30% do senador Bernie Sanders, de Vermont.
A senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, recebeu 21%, enquanto o senador Cory Booker, de Nova Jersey, teve 19%. Beto O'Rourke, ex-congressista do Texas, tem 15%.
A extensa relação de democratas ficará sem uma das estrelas em ascensão do partido, a nova-iorquina Alexandria Ocasio-Cortez, 29.
Pela idade, ela já não poderia disputar o cargo: precisaria ter ao menos 35 anos, segundo a Constituição americana. Além disso, dificilmente ela enfrentaria o seu mentor político, Bernie Sanders, que lançou sua própria candidatura na última terça-feira (19).
Até o momento, a candidatura de Sanders, que não é membro do Partido Democrata, pode ser considerada um sucesso, pelo menos em termos financeiros: em 24 horas, ele atraiu quase US$ 6 milhões de mais de 220 mil doadores –em 2015, no mesmo período, o valor foi bem menos expressivo, US$ 1,5 milhão. Foi a mesma cifra arrecadada por Kamala Harris em suas primeiras 24 horas.
Enquanto isso, Trump reina praticamente soberano do lado republicano.
Até o momento, somente Bill Weld, ex-governador de Massachusetts, se aventurou a lançar um comitê exploratório de campanha presidencial, um dos primeiros passos para quem quer disputar a indicação pelo partido.
Ele também deu um passo em uma direção arriscada no campo minado republicano: ousou criticar o presidente. Para ele, Trump é "simplesmente instável demais" para realizar as tarefas da Casa Branca.
O ex-governador de Ohio John Kasich é outro dos que aventam a possibilidade. Larry Hogan, governador de Maryland, também parece disposto a tentar.
Em discurso de posse para seu segundo mandato, em janeiro, ele criticou as políticas "debilitantes" de Washington e lançou indiretas sobre um impeachment de Trump, ao lembrar que seu pai, Lawrence Hogan, foi o primeiro congressista republicano a apoiar a saída de Richard Nixon no escândalo Watergate.
Como pano de fundo, a popularidade do presidente não vai bem. Na pesquisa da CNN, o nome de Trump foi o que recebeu maior oposição, com 52% dos entrevistados dizendo que não o apoiariam. Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, vem a seguir, com 44%. Depois, aparecem o ex-presidente do Starbucks Howard Schultz, com 44%, e Bernie Sanders, com 42%.
Schultz é o único considerado independente de fato na disputa. Para tentar conquistar os eleitores, o empresário sugere que ele mesmo pague mais impostos, assim como seus colegas que fazem parte do topo mais rico nos EUA. Promete também divulgar sua declaração de Imposto de Renda, numa indireta a Trump, que até hoje não liberou essas informações para o público.