Dados de satélite são semelhantes na queda dos dois Boeings

Reguladores dos Estados Unidos e do Canadá citaram dados de rastreamento por satélite recém-obtidos para paralisar todos os jatos Boeing 737 Max na quarta-feira (13), dizendo que há semelhanças entre as quedas mortíferas do avião na Etiópia no domingo (10) e de um voo na Indonésia em outubro. 

As causas dos dois acidentes ainda estão sendo investigadas. Mas os dados citados pelos reguladores apontam indícios preliminares de que os dois aviões podem ter sido derrubados pela mesma causa, um mau funcionamento do sistema automático que deveria impedir que o avião entrasse em estol [perda de sustentação].

Marc Garneau, ministro dos Transportes do Canadá, disse na quarta que os dados de satélite revelaram "variações verticais" no voo da Ethiopian Airlines que lembram os vistos antes da queda do Boeing 737 Max da Lion Air na Indonésia em outubro passado. 

 

A investigação do acidente da Ethiopian está nas fases iniciais, e os dados citados pelas autoridades não foram totalmente divulgados. Muitos especialistas advertiram que qualquer conclusão está longe de definitiva e não descartam outras possibilidades, como erro do piloto ou defeitos em outro sistema. 

Mas peritos em aviação que revisaram os padrões dos dados apresentados ao público disseram que eles sugerem que o sistema automático recém-instalado, conhecido como MCAS, pode ter sido ativado no voo da Ethiopian e contribuído para a queda.

Muitos especialistas acreditam que durante a primeira queda o sistema automático empurrou para baixo o nariz do avião da Lion Air. Os pilotos agiram em contrário diversas vezes e puxaram o nariz novamente para cima, mas foram dominados pelo sistema. Cada intervalo levou entre 15 e 20 segundos, deixando registrados dados típicos sobre a velocidade vertical do avião. 

Isso levou à série de variações de altitude até que os aviões caíram.

Os dados públicos do voo da Ethiopian são menos claros e completos, mas parecem mostrar uma assinatura semelhante —um intervalo em que o avião ganhava altitude e depois se nivelava. 

O ministro dos Transportes do Canadá disse que com base nos dados de satélite que ele analisou o MCAS pode ter desempenhado um papel.

A oscilação de aproximadamente 15 a 20 segundos é um sinal revelador que sugere que o sistema MCAS pode ter participado, segundo R. John Hansman Jr., professor de aeronáutica e astronáutica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Aviões como o Boeing 737 oscilam naturalmente, disse ele, por causa de turbulência e outros efeitos. Mas esses balanços têm intervalos diferentes: entre 5 e 8 segundos, ou um minuto ou mais. As variações na faixa intermediária de 15 segundos ou perto disso não têm outra explicação óbvia, disse ele. 

"Mesmo com os dados disponíveis, há semelhanças entre o caso da Lion Air e este caso em termos da periodicidade de 15 segundos. Isso apontaria para um fenômeno semelhante. Saberemos mais quando tivermos o gravador de dados de voo", disse Hansman.

Don Thoma, executivo-chefe da Aireon, empresa que forneceu os novos dados, disse que "certamente eles mostram que havia algo errado na aeronave, e algo que eles devem examinar atentamente".

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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