Contágio ameaça o país às vésperas da campanha eleitoral

Manchete do Financial Times, abrindo a terça-feira: “Crise turca se espalha pelos mercados emergentes”.

Manchete do Wall Street Journal, no fim do dia: “Afundando, lira turca e rupia indiana ampliam medo de contágio”. O susto da terça foi a rupia, mas “as moedas de Brasil e África do Sul se enfraqueceram mais” até do que ela, no movimento geral de “correr para a saída”.

Em suas análises, os dois jornais econômicos globais buscaram paralelos no passado.

O WSJ voltou até “a crise da dívida dos anos 1980, que culminou quando o Brasil cortou o pagamento de juros”. O contágio então foi pelos grandes bancos, que podem ser o problema de novo, dado “o gigantesco estoque de dívida nos emergentes”. O jornal enfatiza que uma das lições aos investidores agora é o “fracasso das instituições” nesses países.

No FT, uma primeira análise abordou “o contágio que está na boca de todo mundo” remetendo à crise de 2013. Os então chamados Cinco Frágeis, pela ordem, “Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e África do Sul”, estavam como hoje com “altos déficits em conta corrente”. A corrida só foi contida com a reação do banco central americano, desvalorizando o dólar. De novo, agora, “devemos olhar para os EUA como epicentro”.

Também no FT, Mohamed El-Erian, economista-chefe do grupo alemão Allianz, afirmou que os “emergentes precisam que a Turquia acione o ‘circuit breaker’” com ações que freiem a crise. Reclama que o presidente turco “vem descartando repetidamente elevar juros e buscar o FMI”. Avisa que “tudo isso acontece num contexto global pouco tranquilizador” e com “o potencial de riscos relacionados à política (Brasil)”.

‘GOLPE NO BRASIL’

O texto de Lula no New York Times ganhou versões com títulos diferentes. No original em inglês, com o mesmo enunciado da chamada na home, “Lula: Há um golpe de direita em andamento no Brasil”. Nas versões em português e espanhol, “Eu quero democracia, não impunidade”. O jornal o descreveu assim: “Mr. da Silva, o ex-presidente do Brasil, escreveu da prisão”.

LANÇAMENTO

O artigo ecoou por agências como Bloomberg, que criou até página especial para a eleição. Serviu para marcar o que chamou, no título, de “lançamento do ataque com todas as forças por sua candidatura”. France Presse e outras também foram por aí.

MATTIS VS. BOLSONARO

O Miami Herald destacou, da visita do secretário de Defesa dos EUA ao Brasil, que ele criticou a Venezuela “mas evitou oferecer assistência militar”, pelo contrário. Já no avião para Buenos Aires, o general James Mattis declarou que a crise venezuelana “não é uma questão militar”.

E antes, “na escola de guerra, alguns na plateia reagiram quando Mattis advertiu que nem aposentados nem militares da ativa deveriam participar de campanhas eleitorais”.

'O RETORNO DOS MILITARES'

Com foto de soldados em favela do Rio (acima) tirada pela AFP, o NYT publicou outro artigo sobre a situação no Brasil, de uma ex-integrante do Departamento de Defesa dos EUA, sob o título "O retorno dos militares da América Latina". Afirma que "militarização não é a resposta" para a região.

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