Coalizão alemã está segura apesar de disputa sobre imigração, diz Merkel

A chanceler alemã, Angela Merkel, minimizou uma disputa sobre políticas de imigração com seu ministro do Interior e buscou garantir que mantém o controle sobre o governo, em discurso no Parlamento nesta quarta-feira (4). A disputa fez com que muitos questionassem se os 13 anos de "merkelismo" estavam chegando ao fim

No discurso, ela defendeu o acordo alcançado com Horst Seehorf, da União Social Cristã (CSU), partido da Baviera aliado da União Democrata Cristã (CDU) de Merkel e insistiu em que a migração tem de ser mais bem regulada. Pelo acordo, a Alemanha criará zonas de trânsito na fronteira sul para acelerar a deportação de requerentes de asilo inelegíveis. 

"Temos de ter mais regulação sobre cada tipo de migração, para que as pessoas tenham a impressão de que a lei e ordem estão sendo mantidas", disse diante de um Parlamento lotado.

Merkel salientou que a migração é um "problema global que requer uma solução global" e que o futuro da União Europeia depende de que uma solução seja encontrada. 

"Como lidamos com a questão da migração vai decidir se a Europa continuará a existir no futuro", afirmou. 

"MOTORISTA DO CAOS"

A chanceler foi criticada por vários partidos.

"Sob seu regime, a Alemanha deixou de ser um motor e uma garantia de estabilidade para ser um motorista do caos", disse a líder do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel. 

Weidel chamou a disputa entre Merkel e Seehofer de "teatro indigno" e a Alemanha de uma "casa de loucas, cuja sede é a Chancelaria". "Ponha um fim a essa tragédia, por favor, renuncie", disse. 

Christian Lindner, líder dos Democratas Livres (FDP), acusou Merkel de ter fracassado em uma solução satisfatória para a questão migratória desde que permitiu a entrada de um milhão de refugiados no país em 2015. 

Já o Partido Social-Democrata (SPD), que é parceiro da CSU e da CDU na coalizão governista, escolheu atacar Seehofer, acusando-o de ter levado o governo à beira do colapso.

"Não precisamos de um grande plano, precisamos de habilidade política", afirmou a líder do partido, Andrea Nahles. 

Outros membros do SPD disseram que as zonas de trânsito são uma panaceia, afirmando que apenas cinco refugiados tentam hoje, por dia, entrar na Alemanha via fronteira sul. 

Dietmar Bartsch, líder do partido A Esquerda, acusou a CSU e a CDU de uma atitude cruel contra os refugiados, dizendo que o "C" dos dois aliados não queria mais dizer "cristão" e sim "caos". 

"Creio que vocês teriam alegremente deportado Jesus", disse, provocando risos nos parlamentares. 

Seehofer não participou dos debates. 

Em entrevista televisionada, Merkel afirmou que as divergências não colocam em risco a estabilidade de sua coalizão governista.

"Não posso prometer que não haverá disputas novamente sobre outras questões, como é normal quando um governo inclui três partidos", disse Merkel à rede de televisão ARD quando questionada se sua coalizão durará os quatro anos de mandato.

"Desta vez foi uma disputa pesada sobre um tópico que também é muito emotivo. Mas eu espero firmemente e farei minha parte para garantir que nós faremos nosso trabalho de governo de uma boa maneira, não apenas agora, mas também nos próximos anos", disse.

ACORDOS E ENCONTROS

O Ministério do Interior alemão já está trabalhando na preparação de acordos com outros países da União Europeia para devolver refugiados aos países onde eles primeiro registraram suas solicitações de asilo, disse uma porta-voz do ministério nesta quarta-feira.

O ministro Seehofer viajará a Viena nesta quarta, onde conversará com o chanceler Sebastian Kurz enquanto o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, tem reunião agendada com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim.

A porta-voz do ministério, Eleonore Petermann, acrescentou que ainda não há prazo para a assinatura dos acordos.

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