Claude Lanzmann, diretor do documentário 'Shoah', morre aos 92 anos

O cineasta e jornalista francês Claude Lanzmann morreu nesta sexta-feira (5), em Paris, aos 92 anos. Ele se consagrou como o diretor do documentário "Shoah", sobre o extermínio dos judeus na Segunda Guerra —o filme, com quase dez horas de duração, levou quase 11 anos para ficar pronto.

A informação foi confirmada pela família de Lanzmann à imprensa francesa.

O longa-metragem, exibido pela primeira vez em 1985 e um dos filmes mais importantes da história do documentário, traz uma série de depoimentos sobre os campos de extermínio nazistas.

O cineasta usava a palavra "shoah" em vez de holocausto para definir os crimes do nazismo, porque a segunda palavra se refere à queima de uma oferenda a deus. " "Para alcançar Deus, 1,5 milhão de crianças judias foram oferecidas? O nome é importante, e na Europa não se diz 'Holocausto'. Foi uma catástrofe, um desastre, e em hebraico isso é 'shoah'", disse em certa vez em uma entrevista.

Filhos de imigrantes russos na França, Lanzmann nasceu em 1925 e lutou na resistência francesa contra os nazistas quando era adolescente. Como jornalista, ele sempre teve forte atuação política, assinando o Manifesto dos 121, contra as ações do governo francês na Algéria. A causa anti-colonialista também foi uma das marcas de sua trajetória.

Ele estudou filosofia na Universidade Sorbonne depois da Segunda Guerra e, mais tarde, se tornaria amante da filósofa Simone de Beauvoir. Ele fez parte do jornal Les Temps Modernes, fundado por ela e pelo filósofo Jean-Paul Sartre.

Sua atuação como jornalista também o tornou reconhecido em seu país. Em 1959, por exemplo, ele publicou um longo artigo sobre a situação do Dalai Lama no Tibet, na revista Elle. Em 1986, depois da morte de Simone de Beauvoir, ele assumiu a direção do jornal Les Temps Modernes.

Em 2011, Lanzmann veio à Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e se envolveu em uma polêmica com o então curador, o jornalista, crítico literário e colunista da Folha Manuel da Costa Pinto.

Em sua mesa na festa literária, o cineasta recusou perguntas do mediador que não tivessem a ver com o livro que lançava então no país, "A Lebre da Patagônia" —rejeitando inclusive falar sobre "Shoah", seu filme mais famoso. Lanzmann chegou a ameaçar se retirar do debate. No domingo seguinte, o curador chegou a comparar a atitude do cineasta a uma postura nazista.

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