Cinco dicas para ter um guarda-roupa ético sem ir à falência

O discurso sustentável que prega um guarda-roupa livre de tingimentos químicos, composto de tecidos naturais e confeccionado sem o sangue o trabalho escravo é bonito na vitrine, mas o bolso reclama quando a etiqueta exibe –e isso é cada vez mais comum– três dígitos seguidos do cifrão.

 

Conta natural

A maioria da seda e do linho consumidos pelo Brasil são importados. Prefira, então, roupas 100% algodão, e de preferência orgânico. Mais barato, a matéria-prima é motor da malharia nacional e, quando produzida de forma responsável, vem anunciada na etiqueta. Quase metade do algodão usado pela rede de lojas C&A, por exemplo, é “better cotton”, termo para o material reciclado, orgânico ou beneficiado sem química. Na Paraíba, a marca Natural Cotton Color virou referência mundial no uso de algodão orgânico, naturalmente colorido, e, além da confecção própria, forneceu para estilistas como João Pimenta e Flavia Aranha.

​Risco azul

Vilão do guarda-roupa, um par de jeans consome cerca de 11.000 litros de água para ser produzido. Por isso, evite o descarte e mande o jeans velho para a costureira fazer uma bermuda ou um short, por exemplo. Prefira também os sem lavagem, com a cor escura do índigo, porque o processo de manchar a peça consome ainda mais água. Algumas grifes, como a holandesa G-Star, já lavam os pares a laser, mas são caríssimos. No Brasil, a Damyller faz reúso de toda a água da lavagem, e a indústria Vicunha Têxtil, já começou a implantar o sistema em parte da produção.

Apoie sua gangue

Os americanos criaram o termo “support your local girl gang” (apoie sua gangue de garotas locais) para estimular o crescimento de marcas regionais geridas por mulheres. O conceito, porém, aplica-se a pequenas etiquetas com produção própria. Em São Paulo, pipocam marcas como a Oriba, grife de roupas básicas totalmente produzidas no estado –a economia no transporte mitiga emissão de gases nocivos. Uma dica é procurar marcas emergentes que oferecem preços acessíveis, como as que desfilam na Casa de Criadores, ou aquelas espalhadas por lojas colaborativas, como a Endossa.

Troque ou doe, não compre

Febre detonada pela onda vintage explorada pela Gucci, o brechó pode parecer uma opção sustentável, mas além dos preços impraticáveis, alguns desses estabelecimentos viraram centros de compra e venda de itens com qualidade duvidosa. Melhor seria doar ou mesmo trocar. Um dos eventos mais interessantes desse segmento é o Projeto Gaveta, da consultora Giovanna Nader, que promove, no Rio e em São Paulo, o encontro de donos de roupas usadas. As peças são avaliadas por uma curadoria e são trocadas por outras com a mesma faixa de preço.

Invista no médio prazo

O melhor conselho é o bom senso, porque, na moda, o muito barato sempre sai caro. Faça as contas de quantas camisas precisará em uma semana e avalie se não é melhor gastar mais em peças duráveis do que comprar a mesma quantidade em lojas de fast-fashion, que não vão aguentar o uso frequente e precisarão ser trocadas em poucos meses. A etiqueta é um bom termômetro. Lá estão descritas o local de produção e a composição da peça. Evite usar no guarda-roupa materiais com petróleo, como a viscose e o poliéster, que além de acumular mau cheiro, podem durar bem menos.

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