Cientistas têm novo modelo para explicar “mexidas” no campo magnético terrestre
Uma dupla de investigadores desenvolveu um modelo computacional que reproduz e explica a origem dos “solavancos” geomagnéticos imprevisíveis que têm causado a gradual instabilidade na movimentação do campo magnético da Terra e aumentado a dificuldade de antecipar comportamentos futuros.
O campo magnético da Terra produz-se pela circulação dos fluxos de metal fundido dentro do núcleo do planeta, através da energia libertada quando o núcleo arrefece. A comunidade científica conhece dois tipos de movimentos que provocam variações no campo magnético: os que resultam do movimento de convecção lenta, que podem ser medidos numa escala secular, e aqueles que resultam de ondas hidromagnéticas "rápidas", que se refletem numa escala de poucos anos.
Suspeitava-se que eram estes últimos movimentos que causavam os tais “espasmos", mas a interação dessas bolhas de ferro fundido com a convecção lenta, paralelamente ao mecanismo de propagação e amplificação, só ficou provada com a experiência conduzida por Julien Aubert, do Institut de Physique du Globe de Paris, e Christopher C. Finlay, da Technical University of Denmark (DTU).
Com a ajuda de supercomputadores com capacidade para oferecer quatro milhões de horas de cálculos, os dois investigadores conseguiram recriar de forma muito próxima as condições físicas do núcleo da Terra durante décadas e reproduzir a sucessão de eventos que levam aos “solavancos” geomagnéticos – e que por sua vez levam a alterações mais súbitas do campo magnético da Terra…
O fenómeno sucede com uma frequência entre seis a 12 anos e afeta a magnetosfera em diferentes regiões do planeta.
Além de abrir caminho para se fazerem previsões mais acertadas, os resultados da experiência, entretanto publicados na Nature Geoscience, poderão ajudar a comunidade cientifica a estudar as propriedades físicas do núcleo e do manto da Terra, consideram os autores da experiência.