Chico Xavier, dinos e zebu impulsionam criação de geoparque em Uberaba (MG)

Marcelo Toledo

RIBEIRÃO PRETO    Lançado há dois anos em Uberaba (MG), um projeto que envolve paleontologia, religião e economia pretende impulsionar o turismo e dar à cidade mineira o título de geoparque.

Ancorado na religiosidade envolvendo o médium Chico Xavier, nos fósseis de dinossauros já encontrados no município e na forte pecuária graças ao gado zebu, a cidade já implantou três sítios ou geossítios dos cinco inicialmente previstos com o objetivo de convencer a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no futuro de que Uberaba atende os pré-requisitos para ter o título.

Um geoparque é uma localidade grande o suficiente para desenvolver a economia e a sociedade e deve, além de sítios geológicos relevantes, possuir história ou tradição cultural. O país tem só um reconhecido, no Ceará.

O objetivo do projeto é potencializar a vocação turística da cidade sob os alicerces da paleontologia, do gado zebu (de origem indiana, recomendado para a produção de carne e leite nos trópicos) e da religiosidade, principalmente por meio do médium Chico Xavier (1910-2002), maior ícone do espiritismo no país e que viveu e desenvolveu obras de caridade no município.

O projeto envolve, entre outras instituições, a UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e a Prefeitura de Uberaba.

O primeiro dos locais inaugurados foi a praça do primeiro sítio integrante do projeto, o ABCZ, composto pelo Museu do Zebu, um museu a céu aberto no parque Fernando Costa e a sede da associação, que neste ano completa 100 anos.

Também já foram inaugurados o geossítio Peirópolis, distrito de Uberaba que abriga jazidas de fósseis de dinossauros e onde funciona um museu, e o sítio memorial Chico Xavier. O museu abriga acervo de fósseis de dinossauros e outros vertebrados, além de painéis sobre a evolução da vida. Ele funciona na antiga estação ferroviária de Peirópolis, de 1889.

“Quando surgiu a ideia, a partir da minha tese de doutorado, em 2014, elenquei 12 localidades para compor um roteiro turístico. Falamos em cinco no projeto, porém há potencial para muito mais. Mas a quantidade não preocupa, e sim sensibilizar o sentimento de pertencimento na população, de que as pessoas são parte disso”, disse um dos coordenadores do projeto, o geólogo da UFTM Luiz Carlos Borges Ribeiro.

20181031_104103.jpgO geossítio Peirópolis, que abriga museu em Uberaba (Luiz Carlos B. Rbeiro – UFTM)

O projeto separa geossítios de sítios. O primeiro é constituído de locais que se configuram patrimônio geológico explícito, como os fósseis de dinossauros, enquanto o segundo tem um significado mais amplo –como a casa de Chico Xavier, por exemplo.

Segundo a prefeitura, o geoparque dará muitos resultados futuros ao município com a indústria do turismo.

Há cerca de 140 geoparques mundiais da Unesco em 38 países. Não há prazo para a conclusão do projeto a ser enviado por Uberaba.

ÚNICO

Hoje, o Brasil tem apenas um geoparque “oficial”, o Geopark Araripe, no sul do Ceará, reconhecido pela Unesco em 2006.

Mas há ao menos outras duas dezenas de locais que têm potencial e podem no futuro ser contemplados com o título, segundo estudo elaborado pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Uberaba é um deles.

“Nenhuma outra localidade do Brasil tem essa junção de coisas, com patrimônio geológico, religioso e econômico. Mas não tem só Chico, zebu e dinossauros. Uberaba é muito forte em bens culturais e materiais, com suas folias de reis e congada, por exemplo”, disse Ribeiro.

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