Chefe de inteligência da Venezuela sob Chávez é preso em Madri

O general Hugo Carvajal, ex-diretor de inteligência militar durante o regime de Hugo Chávez, na Venezuela, foi preso nesta sexta-feira (12) em Madri a pedido dos Estados Unidos.

Ele é formalmente acusado de tráfico de drogas, mas autoridades americanas acreditam que ele poderia fornecer informações estratégicas sobre o atual ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. 

Segundo um oficial que falou em condição de anonimato à agência Reuters, Carvajal é a pessoa fora do país com o maior conhecimento do regime e disposto a cooperar —um desejo que ele já teria expressado publicamente. 

Washington espera que ele forneça informações sobre os supostos laços de Maduro com a ditadura cubana e o grupo extremista xiita Hizbullah, além daqueles com a guerrilha colombiana ELN (Exército de Libertação Nacional) e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

O ex-militar comparecerá a uma audiência no sábado (13). Por lei, a Justiça espanhola tem 24 horas —contadas a partir do momento de sua prisão— para decidir se ele permanecerá detido até que sua extradição seja definida ou se poderá aguardar em liberdade. 

O pedido de extradição feito pelos EUA se baseia na acusação de que Carvajal teria contrabandeado 5.600 kg de cocaína da Venezuela para o México em abril de 2006. O processo foi aberto em 2011 e tornado público em 2014. 

Segundo a promotoria americana, a carga se destinaria originalmente aos Estados Unidos.

Em julho daquele ano, Carvajal, na época cônsul em Aruba, foi brevemente detido na ilha a pedido dos Estados Unidos. No entanto, ele foi libertado e pôde retornar à Venezuela.

O Tesouro americano afirma que o ex-militar teria colaborado com as Farc, principalmente evitando que carregamentos de drogas fossem apreendidos por autoridades de controle de tráfico da Venezuela.

Ele também teria fornecido armas e documentos de identificação venezuelanos à guerrilha, o que teria permitido aos seus membros entrar e sair livremente do país.

Em uma entrevista ao jornal New York Times em fevereiro, Carvajal disse que qualquer contato que ele tenha tido com os traficantes teria ocorrido durante investigações conduzidas por ele enquanto era chefe da inteligência venezuelana. 

Ele afirmou que se encontrou com membros das Farc em 2001 para tentar negociar a liberdade de um empresário venezuelano que tinha sido sequestrado pela guerrilha. A viagem foi aprovada pelos presidentes venezuelano e colombiano à época, segundo Carvajal. 

Durante uma década, o ex-militar atuou como diretor de inteligência sob o governo de Chávez (1999-2013). Recentemente, denunciou a "desastrosa realidade" da Venezuela após os seis anos de Nicolás Maduro no poder.

No dia 21 de fevereiro, Hugo Carvajal postou um vídeo em sua conta no Twitter em que ele reconhece como presidente no comando da Venezuela Juan Guaidó —o líder da oposição ofereceu anistia aos militares que o apoiassem. 

Em represália, Maduro expulsou-o das Forças Armadas e despojou-o do posto de Major General, como fez com o até então general da divisão Carlos Rotondaro, que também havia reconhecido o opositor.

Carvajal também foi acusado na Venezuela de "atos de traição contra a pátria".

De acordo com a resolução publicada no diário oficial de 20 de março, esta foi uma medida "exemplar" e "disciplinar".

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