CEO da GE nega irregularidades, acusa concorrente e relata ameaça

O principal executivo da GE na América Latina, Daurio Speranzini Junior, negou em depoimento à Polícia Federal ter participado de qualquer fraude a licitações no setor de saúde.

Disse, contudo, que havia direcionamento nas disputas realizadas pelo governo do Rio de Janeiro a uma de suas concorrentes. O executivo relatou ter sofrido ameaças ao tentar evitar o direcionamento dos pregões.

Ele foi preso temporariamente na Operação Ressonância, que investiga fraudes em licitações na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e no Into (Instituto Nacional de Traumatologia) desde 1996.

Speranzini Junior foi alvo principalmente em razão de fatos relacionados ao período em que esteve na Philips, até 2010. Ele não foi questionado por atos na GE, embora a Procuradoria afirme haver indícios de "contratações espúrias com o poder público" no período na firma norte-americana.

O executivo afirmou que "era claro que existia um direcionamento nas licitações para empresas específicas, como a Siemens". Ele disse que tentou impedir que as licitações mantivessem esse padrão, o que resultou em ameaças, segundo ele.

"A ameaça consistiu em receber um telefone em que alguém dizia que 'era muito fácil saber onde seus filhos estudavam'", afirmou em depoimento à PF.

Speranzini disse que o direcionamento nas licitações tinha como objetivo beneficiar a empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin. Ele é apontado como um organizador do cartel de pregões internacionais na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e no Into.

Segundo o executivo, “havia pressões de todos os lados para que Philips entrasse no esquema de Oscar”. 

Speranzini disse também que não saiu da Philips em razão das denúncias encaminhadas por um ex-funcionário da Dixtal, adquirida pela empresa holandesa, ao setor de compliance da multinacional.

Segundo a Procuradoria, a testemunha relatou ao setor de compliance as fraudes organizadas por Iskin com a participação da Philips, sem que a empresa tomasse qualquer atitude para evitá-las.

A PF encontrou em sua casa um dossiê com informações sobre o ex-funcionário. O executivo disse que pediu a um amigo ex-policial federal para que “fizesse um levantamento” em razão de outra investigação aberta no MPF de Brasília sobre os mesmo fatos envolvendo a Philips.

“Fez esse levantamento somente por ansiedade e para saber quem era esse cidadão e por que ele estava fazendo isso com o declarante”, diz a transcrição do depoimento.

Em nota, a Siemens afirmou que suas empresas "não são parte desta ação".

"Comprometidos com a defesa de um ambiente limpo para negócios, as empresas adotam rígidos programas de compliance e têm interesse no esclarecimento das investigações", diz.

A defesa de Iskin  afirmou que o empresário nega as suspeitas levantadas pelo MPF. Afirma que “não houve licitação vencida pela Oscar Iskin [nome da firma] na qual o preço não fosse o de mercado, ou seja, o correto”. Também nega ter pago propina a qualquer agente público. 

A defesa diz também que Iskin sofreu “mais uma prisão ilegal que será revogada pelos tribunais brasileiros”.

A Philips afirmou, em nota, que “está cooperando com as autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos quanto às alegações apresentadas”.

“A política da Philips é realizar negócios de acordo com todas as leis, regras e regulamentos aplicáveis”, diz a nota.

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