Campanha no interior põe em xeque versão de família Macris para gasto eleitoral

Extratos da campanha de 2016 no interior de São Paulo colocam em xeque a versão dada pela família do deputado Cauê Macris (PSDB), que tenta a reeleição à presidência da Assembleia Legislativa, para justificar a destinação de recursos eleitorais. 

Cauê e seu pai, deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), repassaram R$ 881 mil na eleição de 2018, por meio de cheques, a um posto da própria família, localizado em Limeira (SP), próximo da cidade de Americana (SP).

Os dois vinham argumentando que só fizeram isso para facilitar os pagamentos de cabos eleitorais dessa região que não têm conta bancária, permitindo que eles recebessem por lá —assim, evitariam a necessidade de eles se deslocarem até a capital paulista, onde foram abertas contas de campanha.

Mas documentos apresentados à Justiça Eleitoral pelo vereador de Americana Rafael Macris (PSDB), 26, irmão de Cauê e filho de Vanderlei, indicam que a estratégia de compensar cheques no posto foi usada pela família mesmo quando a conta de campanha foi aberta na própria cidade. 

A campanha de Rafael compensou 69 cheques em 2016 no Posto União de Limeira, no qual Cauê tem 50% da sociedade. O valor é de R$ 22,5 mil, mais da metade do custo da campanha do vereador, que gastou R$ 42 mil para se eleger.

Por ser uma eleição municipal no próprio interior paulista, não haveria motivo para deslocar cabos eleitorais até a cidade de São Paulo para que eles recebessem e compensassem os cheques. 

As contas de campanha do irmão de Cauê Macris foram abertas em uma agência do Bradesco localizada no centro de Americana. Mesmo assim, os cheques foram compensados no posto, que fica no território de Limeira, cidade vizinha.

A revelação de que a empresa de Cauê foi usada para compensar os cheques foi publicada na semana passada no jornal O Estado de S. Paulo, que apontou a prática como suspeita de irregularidades. À época, tanto ele como seu pai, Vanderlei, foram às redes sociais para se justificarem.

Disseram que os pagamentos seriam feitos a cabos eleitorais da região que não têm conta bancária.
“Por que fiz isso? Essa é a grande questão. Porque a maior parte dos nossos colaboradores e cabos eleitorais da campanha estavam no interior. Como os cheques são nominais e quem não possuía conta em banco só poderia sacar esse dinheiro vindo a São Paulo, onde foi aberta nossa conta de campanha, como poderemos resolver esse problema?”, questionou Vanderlei. 

“Para não prejudicar os trabalhadores e agilizar os pagamentos, descontamos os cheques na empresa e pagamos os funcionários”, afirmou.

O Posto União de Limeira aparece como recebedor de recursos eleitorais, mas sem ser fornecedor de serviços em nenhum dos casos da família. Tanto Cauê como Vanderlei receberam recursos públicos do fundo eleitoral no ano passado.

As contas dos três foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Em nota, a assessoria dos Macris reafirma que os descontos foram feitos para agilizar os pagamentos dos cabos eleitorais e diz que o deputado sofre perseguição.

Cauê Macris preside a Assembleia Legislativa do estado desde 2017 e tenta se eleger de novo no próximo dia 15. 

Aliado do governador João Doria (PSDB) e favorito na disputa, o tucano tem como principal adversária a deputada eleita Janaina Paschoal (PSL). Ela tem o apoio da futura bancada do partido (serão 15 deputados, de um total de 94) e o do deputado eleito Arthur Mamãe Falei (DEM).

O partido do presidente Jair Bolsonaro tem criticado, abertamente, em redes sociais, a manutenção de Cauê na presidência, em uma composição que tem a participação de diversos partidos, entre eles o PT.
Futuro líder do PSL na Assembleia, o deputado eleito Gil Diniz disse que irá pedir a investigação das contas de Cauê Macris à reeleição para deputado estadual.

Deputado diz que é vítima de campanha persecutória

Em nota, a família Macris afirma que há uma “tentativa infantil de desestabilizar a candidatura de Cauê Macris”.

Atribuem as acusações ao presidente do PSL paulista, senador Major Olímpio, numa “numa tentativa de imputar ilegalidade em atos julgados e aprovados pela Justiça Eleitoral”.

Segundo a assessoria dos Macris, a assessora do senador tem espalhados essas "denúncias infundadas disparadas por Whatsapp".

“As movimentações foram declaradas e estão publicadas na internet de maneira transparente. Os descontos dos cheques foram feitos para agilizar o pagamento dos cabos eleitorais, conforme os recibos eleitorais assinados e declarados na campanha”, afirmou. “Se houvesse ilegalidade na prática, os instrumentos de fiscalização não aprovariam as contas.”

“O presidente da Alesp, deputado Cauê Macris, é vítima de uma campanha persecutória orquestrada por adversários que deveriam focar suas forças em construir maioria na eleição da mesa diretora. A eleição se ganha no voto, de maneira democrática e não com denuncismo pré eleitoral”, afirma a nota.

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