Busca em caverna na Tailândia se concentra em como retirar meninos presos

O mergulhador britânico John Volanthen estava colocando linhas-guias para tentar se aproximar dos 12 meninos e seu treinador de futebol, desaparecidos em uma rede de cavernas inundadas, quando ele ficou sem linha e foi obrigado a subir à superfície.

E lá estavam eles, os 13, olhando-o através da luz de sua lanterna de cabeça. Após dez dias de esforços, correndo contra as chuvas das monções e a elevação da água na caverna, a busca pelo time de futebol desaparecido finalmente tinha sucesso.

Se a linha fosse 5 metros mais curta, Volanthen teria dado meia-volta e não os alcançaria naquele mergulho na noite de segunda-feira (2). O grupo teria passado pelo menos mais uma noite sozinho na escuridão, sem saber se viria algum resgate.

"Literalmente ele chegou ao fim da linha, prendeu o carretel na lama, e lá eles estavam olhando para baixo", disse na terça-feira seu amigo Vernon Unsworth, também explorador de cavernas.

 

Com a busca se transformando oficialmente em operação de resgate na terça-feira (3), a principal pergunta agora é qual a melhor maneira, e o melhor momento, para retirar os meninos e o treinador da caverna.

O capitão Anand Surawan, da Marinha tailandesa, levantou a possibilidade de que, no pior cenário, os 13 fiquem na caverna durante quatro meses, até o fim da temporada de chuvas.

"Fiquei surpreso", disse Supanat Danansilakura, chefe de relações-públicas da Marinha Real da Tailândia. "Quatro meses?"

Outros afirmaram que seria duro para os meninos, e perigoso, deixá-los na caverna por tanto tempo, mesmo que tivessem luz, comida e outros suprimentos. Eles poderiam se ferir ou se arriscar a infecções e sofrer danos psicológicos por uma estada tão longa naquele ambiente.

O fato de que as autoridades e parentes dos meninos puderam discutir a melhor maneira de tirá-los de lá já é notável.

Os meninos, que têm entre 11 e 16 anos, e seu treinador de 25, desapareceram na caverna de Tham Luang em 23 de junho, um sábado, depois do treino de futebol. Uma chuva forte começou e a água subiu no complexo de cavernas, bloqueando sua saída.

"Quando discutimos a situação pela primeira vez, dissemos imediatamente que era uma missão impossível", disse Narongsak Osottanakorn, governador da província de Chiang Rai, que supervisiona a operação de busca e resgate. "Seria como o filme, mas os SEALs estavam muito confiantes em sua capacidade e nos disseram que trariam os meninos de volta."

O governo tailandês montou uma enorme operação de resgate e enviou dezenas de mergulhadores à caverna para tentar alcançar a área onde se pensava que os meninos estivessem. Uma autoridade graduada disse que não poupariam despesas.

Uma sociedade que muitas vezes parece dividida entre agricultores pobres e a elite urbana se viu unida pela esperança de encontrar os meninos desaparecidos. O rei Maha Vajiralongkorn Bodindradebayavarangkun se interessou pessoalmente pela busca e enviou caminhões-cozinhas para alimentar as equipes de busca e capas de chuva para protegê-las do temporal.

Meia dúzia de países enviaram equipes para ajudar, como os EUA, cuja equipe de 30 pessoas incluía 17 especialistas em resgate da Força Aérea.

Parentes dos desaparecidos passaram a maior parte dos dez dias de busca esperando notícias em cadeiras plásticas sob um abrigo temporário, perto do centro de comando da operação.

Eles saltaram e gritaram de alegria na noite de segunda-feira, quando souberam que o grupo tinha sido encontrado. As autoridades tailandesas já haviam levado os parentes para uma área privada construída, e a multidão de jornalistas que cobria a busca foi geralmente impedida de falar com eles.

A caverna de Tham Luang é um desafio arriscado. O sistema de cavernas de 11 quilômetros de extensão é simples o suficiente para se percorrer e escalar durante a temporada seca. Mas na chuvosa —teoricamente de julho a setembro— o complexo pode se encher de água, submergindo muitas de suas passagens.

Os mergulhadores finalmente tiveram acesso quando quebraram algumas rochas e aumentaram uma passagem que era muito pequena para se atravessar com um tanque de oxigênio.

Depois que criaram uma abertura grande o suficiente, eles puderam seguir até onde suspeitavam que o grupo estivesse, a aproximadamente 5 quilômetros da entrada da caverna.

Volanthen e Rick Stanton, os dois mergulhadores civis britânicos, estavam no comando na noite de segunda-feira, estendendo as cordas-guias que os mergulhadores usam para passar por águas enlameadas ou turbulentas.

Foi quando Volanthen ficou sem linha e subiu à superfície que viu o grupo de meninos magros, alguns sentados, outros de pé, em uma plataforma acima da linha d'água.

Ele ficou aliviado ao encontrar todos vivos. Os meninos se entusiasmaram com a perspectiva de receber comida.

"Comer, comer, comer", gritou um deles.

Os mergulhadores montaram duas luzes de mergulho para iluminar a caverna, a primeira claridade que o grupo via em muitos dias.

Foi a primeira de muitas remessas de suprimentos necessários, incluindo comida e remédios, nas 24 horas seguintes.

"No início só tínhamos corações e força humana", disse o governador. "Agora temos todos os recursos. Estamos cansados e preocupados, mas totalmente equipados."

As equipes médicas estavam dando ao grupo alimentos com alto teor de proteína para ajudá-los a recuperar as forças. E eles avaliavam quando a equipe presa teria condições de sair da caverna.

Unsworth, um explorador de cavernas do Reino Unido que vive perto de Tham Luang e a visita há mais de seis anos, disse que seria melhor que os meninos fossem retirados imediatamente por mergulhadores experientes do que forçados a esperar durante meses.

"É apenas a coisa logística de como tirá-los, porque eles nunca mergulharam", explicou ele. "Eles vão ter de aprender muito depressa, em algumas horas. Se não hoje, poderá ser amanhã."

Ele disse que os meninos poderiam usar máscaras de rosto inteiro, para não terem de aprender a respirar pela válvula geralmente usada pelos mergulhadores.

Os profissionais dos SEALs da Marinha americana e outros mergulhadores experientes que participam do resgate deverão conseguir tirá-los em segurança pelas passagens inundadas do sistema de cavernas, disse Unsworth.

Deixá-los lá embaixo até o fim da temporada de chuvas "não é uma opção", afirmou.

Richard C. Paddock , Muktita Suhartono e Mike Ives

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