Bolsonaro intensificará agenda de anúncios para tentar conter crise

Na tentativa de abafar a crise que atinge seu governo, o presidente Jair Bolsonaro planeja ofensiva com uma agenda cheia de anúncios nesta semana.

Para buscar esfriar o escândalo sobre o esquema de candidaturas de laranjas do PSL, revelado pela Folha, o Palácio do Planalto vai apresentar ao Legislativo dois projetos que tratam de bandeiras importantes para a gestão: o combate à corrupção e o ajuste das contas públicas.

O plano de Bolsonaro é solucionar o impasse sobre a permanência do ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral, nas primeiras horas de segunda-feira (18), com a esperada publicação de sua exoneração em Diário Oficial.

Ele terá pela frente algumas dificuldades a serem enfrentadas com seu partido, o PSL, atingido em cheio pelas suspeitas de candidaturas de laranjas.

Além disso, a crise com Bebianno deixará arestas a serem aparadas com o Legislativo. Lideranças viram no processo de fritura pública do ministro, chamado de mentiroso pelo presidente, um ato de deslealdade de Bolsonaro. 

Há ainda um temor de potenciais danos a serem reparados com as declarações que Bebianno, que foi o braço-direito de Bolsonaro durante a campanha, pode fazer à imprensa ao sair do cargo. 

A perspectiva de que o ministro "saia atirando" assombra o governo, assim como a possibilidade de que as suspeitas de candidaturas laranjas do PSL possam se alastrar para outros estados, como foi visto em Pernambuco e Minas Gerais.

O presidente passou o fim de semana no Palácio do Alvorada com familiares. Recebeu visitas de alguns ministros e usou as redes sociais apenas para replicar as ações dos ministérios. 

"Estamos fiscalizando recursos, diminuindo gastos, propondo endurecimento penal, Previdência. Tudo isso em pouquíssimo tempo. Nossos objetivos são claros: resgatar nossa segurança, fazer a economia crescer novamente e servir a quem realmente manda no país: a população brasileira", escreveu Bolsonaro no Twitter na tarde de domingo (17). 

Num primeiro momento, o Planalto trabalha com os planos de manter o general Floriano Peixoto, atual número 2 da Secretaria-Geral, como o chefe interino da pasta. 

Há quadros do PSL que reivindicam a pasta, para manter a representatividade de dois ministérios, e os que defendam sua extinção.

As críticas à imprensa e a adversários ficaram praticamente de fora das redes sociais da família Bolsonaro, à exceção do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que no sábado retuitou um post em tom de crítica a Bebianno, sugerindo que ele passou a ser defendido por veículos de comunicação. 

Até mesmo o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente apontados por parentes como o "pit bull da família", deixou de lado o tom agressivo na internet e passou a falar da retomada de seu trabalho como parlamentar no Rio. 

Os ministros foram orientados a não comentar publicamente a crise e voltar declarações e postagens nas redes sociais às ações governamentais. 

Na terça-feira (19), o ministro Sergio Moro (Justiça) levará ao Legislativo a Lei Anticrime. Na quarta (20), será a vez de a equipe econômica de Paulo Guedes entregar ao Congresso a proposta de reforma da Previdência, vista como crucial para o sucesso do governo. 

Bolsonaro fará um pronunciamento em rede nacional, na televisão e no rádio, para falar especialmente das mudanças nas regras da aposentadoria. 

A proposta de Guedes vai ser apresentada por meio de peças de publicidade que vão falar em "Nova Previdência" e apontar números para convence a população de que o projeto é necessário para que pobres e ricos tenham as mesmas condições. 

É previsto para esta semana ainda o anúncio dos líderes do governo no Senado e no Congresso, o que permitirá que o Executivo tenha representantes diretos nas negociações das pautas de votações das duas casas legislativas.

Bolsonaro vai receber no Alvorada lideranças do Legislativo para discutir as propostas do governo. Na manhã de quarta será a vez de o PSL tomar um café da manhã com o presidente em uma conversa que busca também realinhar o partido, enfraquecido pelas suspeitas de candidaturas de laranjas. 

Em meio a isso, o governo aguarda com cautela quais serão os primeiros atos de Bebianno após sua demissão ser oficializada.

Ele mostrou-se irritado com a proposta apresentada por Bolsonaro de que ele pudesse assumir uma diretoria em Itaipu ao deixar o ministério. 

A aliados, Bebianno oscila o tom sobre o futuro: em alguns momentos endurece o discurso e diz que "não cairá sozinho"; em outros, acata o aconselhamento de amigos de falar o mínimo possível para não inviabilizar-se em outros empregos. 

Ele afirmou à colunista Monica Bergamo, da Folha, que não atacará o presidente, justificando que o Brasil "não precisa disso". Por enquanto, decidiu que levará à imprensa, após sua demissão, a troca de mensagens que teve com Bolsonaro na semana passada.

O presidente chamou o ministro de "mentiroso" na quarta-feira, negando que eles tenham conversado por telefone enquanto se recuperava de uma cirurgia em São Paulo. Em entrevista à TV Record, Bolsonaro disse ainda que Bebianno "poderia voltar às origens". 

Bebianno é o pivô da crise de candidaturas de laranjas. Presidiu o PSL entre janeiro e outubro de 2018 e era formalmente o responsável pela liberação de recursos para as campanhas.

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