Boicote europeu a Putin continua no encerramento da Copa

Assim como na abertura, o encerramento da Copa na Rússia reflete o distanciamento entre o país do presidente Vladimir Putin e o Ocidente. 

Dos nove chefes de Estado ou governo com presença confirmada, apenas o francês Emmanuel Macron tem peso geopolítico. E só veio ao Estádio Lujniki porque sua seleção é finalista, e o protocolo da Fifa prevê a presença das mais altas autoridades dos times na disputa. 

A presidente Kolinda Grabar-Kitarovic, da Croácia, o acompanhará ao lado de Putin na tribuna de honra. 

Completam a lista de autoridades no Estádio Lujniki os presidentes da Armênia, Belarus, Gabão, Moldova, Palestina e Sudão, além do emir do Qatar, anfitrião da Copa de 2022. 

No pontapé inicial da Copa, no dia 14 de junho, eram 15 os dignitários, sendo o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, derrotada pelos anfitriões, o destaque entre eles. 

Não que no Brasil tenha sido diferente, por outros motivos. O encerramento do torneio em 2014 teve dez autoridades, duas pesos-pesados: a alemã Angela Merkel e o próprio Putin, ambos presentes devido à etiqueta da Fifa (a Alemanha estava na final e a Rússia seria a próxima sede). 

Já o último Mundial disputado na Europa antes do atual, na Alemanha em 2006, teve diversos premiês e presidentes europeus na tribuna do Estádio Olímpico de Berlim.

Pela proximidade geográfica, na teoria poderiam estar em Moscou neste domingo. 

Mas Putin vive um momento de isolamento grande, que pode começar a ter uma inflexão a partir do encontro desta segunda (16) com o americano Donald Trump, em Helsinque. 

O atual estágio nas relações decorre da intervenção na Ucrânia em 2014 e, mais recentemente, à acusação britânica de que o Kremlin mandou envenenar um ex-espião russo na Inglaterra em março. 

A crise levou à expulsão mútua de 342 diplomatas, a maior da história, e envolveu todos os países europeus. A França mandou embora quatro russos e a Croácia, um. 

Se a Inglaterra tivesse batido os croatas na semi e chegado à final, haveria uma saia-justa razoável para a Fifa, já que Londres determinou um boicote político à Copa. 

Nenhuma autoridade do país estava autorizada a representá-lo na Rússia –de inglês famoso nos estádios, sobrou o cantor e Mick Jagger, com sua fama de pé-frio.

O fato de ter retaliado contra a Rússia não demoveu Macron, que já havia feito uma visita ao país e encontrado Putin em maio. 

As relações entre Paris e Moscou são bem mais amenas do que entre Rússia e outros países ocidentais, principalmente pelos interesses de empresas francesas em projetos energéticos na Rússia –a Total, por exemplo, trabalha na exploração dos novos campos de gás de Iamal, no Ártico. 

Já a Croácia, apesar de ser rival histórica da aliada russa Sérvia, não tem exatamente peso geopolítico considerável na disputa. 

Além disso, o Kremlin buscou embalar uma festa da forma mais impecável possível, e minimizou até o episódio em que o zagueiro croata Vida saudou a rival russa Ucrânia após o jogo em a Rússia foi eliminada pela finalista. 

Em mais um gesto de apaziguamento, a presidente Grabar-Kitarovic postou vídeo neste domingo agradecendo em russo aos anfitriões da Copa. 

Ela o fez no voo comercial, com outros torcedores, rumo a Moscou –onde é a única chefe de Estado da União Europeia presente, além de Macron. 

​Ela já foi elogiada pela suposta austeridade antes na Copa, mas é também uma resposta a um incidente de 2010, quando teve de ressarcir o país pelo uso de carro oficial para fins particulares pelo seu marido, quando era embaixadora nos EUA.

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