Azarão Southgate vira ícone na Inglaterra

Os ingleses comemoraram muito a classificação da sua seleção para as quartas-de-final da Copa. E a indústria da moda também, em especial os fabricantes de coletes.

Por isso, ainda que nem chegue às semifinais na Rússia, o técnico Gareth Southgate está em alta, dentro e fora dos gramados.

Por sua carreira, nada indicava que Southgate teria sucesso como treinador da seleção.

Como jogador, jamais atuou por grandes times. Começou no Crystal Palace, como lateral-direito e volante, passou pelo Aston Villa, onde virou zagueiro, e terminou no Middlesbrough. Pelo Villa, chegou à final da Copa da Liga, mas não jogou porque se transferiu logo antes, Pelo Boro, como capitão, levantou o primeiro troféu da história do clube, a Copa da Liga de 2004, e em 2006, chegou à final da Copa da Uefa –derrota de 4 a 0. Aposentou-se naquele dia.

Na seleção, jogou 57 vezes, e ficou conhecido por errar a única em seis cobranças na disputa de pênaltis que impediu a Inglaterra de chegar à final da Euro-96, que era sediada pelo seu país.

Como treinador, caiu com o Middlesborough no seu primeiro emprego (2006-09) e depois ficou quatro anos parado, até virar técnico da seleção sub-21, em 2013. Fez um trabalho medíocre e só subiu à seleção principal em 2016 porque o técnico Sam Allardyce caiu na esteira de um escândalo de corrupção do futebol inglês desvendado pela imprensa local.

Southgate foi nomeado técnico interino, porque a Federação não conseguiu contratar ninguém dos que pretendia. Assumiu na segunda rodada das eliminatórias, dirigiu o time em três –duas vitórias– e empatou com a Espanha num amistoso. Em seguida foi efetivado.

Na eliminatória, terminou o grupo em primeiro e conseguiu uma vaga direta. Na Copa montou uma equipe jovem com 12 jogadores com quem tinha trabalhado na época do sub-21. Manteve apenas 5 jogadores da Copa anterior (Tite manteve 6) — e desses, apenas um, Cahill, tinha jogado no Brasil com mais de 23 anos. Chamou nove jogadores com menos de 25 anos (Tite, 3), inclusive seu capitão, Harry Kane. A média de jogos pela seleção de sua equipe na estréia não passava de 21 (no Brasil, 30). Todos os atletas juntos tinham 59 gols pelos Three Lions na abertura da Copa (no Brasil, 127 ).

Mas Southgate está tendo impacto mesmo é pelo seu modo de se vestir. Seus ternos sob medida, seus sapatos caros, a barba bem aparada, e especialmente o hábito de usar colete (na Rússia, não usou o paletó) já o fizeram cair no radar da indústria de moda. E, principalmente, da mídia.

No Google, as expressões “Gareth Southgate” e fashion dão 6 milhões de resultados.

Até a venda de coletes aumentou no país. a rede Mark & Spencer’s, fornecedora do English Team, apontou um crescimento de venda de 35% em toda a linha de coletes. A empresa atribuiu o crescimento a Southgate. O modelo que mais vende é justamente o que o técnico usa, que custa 65 libras (cerca de R$ 335).

O treinador, até aqui, se recusa a falar do assunto a sério. Apenas diz, brincando, que se for verdade, é prova de que qualquer coisa no mundo é possível. E nega que tenha virado um influenciador de moda e rejeita qualquer comparação com David Beckham.

A citação não é por acaso. O ex-capitão inglês é o maior influenciador da moda do país dos últimos 15 anos. No começo dos anos 2000, tornou-se o primeiro plebeu da história inglesa a ser mais seguido que qualquer membro da família real.

Aposentado há cinco anos, Beckham ainda é de longe o maior ícone do futebol inglês. Mesmo tendo se aposentado quando o Instagram ainda engatinhava, tem 48 milhões de seguidores (cerca da metade de Neymar e mais de 10 vezes o número de Harry Kane).

Southgate é o oposto. Não tem Instagram e no Twitter tem um 1% dos seguidores de Beckham –Victoria, mulher de David.

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