Autor de trilhas das novelas bíblicas da Record lança disco de rock

“A guitarra sempre foi o meu instrumento de preferência, mas ficou esquecida até agora”, conta Daniel Figueiredo, 50, autor de trilhas sonoras de novelas, séries e filmes da Record desde 2005.

Em meio à produção musical da novela "Jesus" e ao projeto da trilha para "Jezabel", a próxima série épica em 80 capítulos da emissora, com direção de Alexandre Avancini, o compositor está lançando seu primeiro disco. "Guitar Heroes", dedicado ao instrumento, tem a participação de Paul Gilbert, Kiko Loureiro, Scott Henderson, entre outros.

Se comparada a trilha sonora de "Jesus" com "Guitar Heroes", pode-se dizer que Figueiredo consegue transitar bem entre o céu e o inferno, não em termos de qualidade musical, mas das características intrínsecas de cada estilo, do que remete ao bíblico e ao profano.

 

Ele não é religioso, mas se sente lisonjeado quando os evangélicos contam que usam suas trilhas sonoras para orar. “Para mim, é bem melhor que os prêmios que eu ganho."

 

"Guitar Heroes" é um projeto que começou há 13 anos. A primeira faixa, "Rock Radio", foi gravada para uma cena da novela "Prova de Amor" e tem a participação do guitarrista da banda Ultraje a Rigor, Marcos Klein. Já a segunda, "Salgadream", tem a participação de Jennifer Batten, ex-guitarrista de Michael Jackson.

As participações dos guitarristas convidados já estão prontas, como a de Larry Coryell, um dos pais do gênero jazz fusion, que morreu em fevereiro de 2017, pouco depois da gravação, e a quem o disco será dedicado.

“Desde 'Os Dez Mandamentos' eu tenho feito uma novela atrás da outra, além de outros projetos, então, como sou muito responsável, resolvo o problema de todo mundo e jogo o meu para depois”, diz, justificando o lançamento tardio do disco.

Nascido em Cataguases, interior de Minas Gerais, ele começou a estudar violão com 17 anos, mas nunca fez aula de música. “Descobri que tenho uma deficiência em aprender com o outro, ou com vídeo, livro, método, e isso é uma burrice, não é qualidade. Não curto onda dizendo que sou autodidata, pois pessoas como eu não aprendem de outra maneira”, explica.

 

Outra deficiência é a memorização: “Sou muito do imediato, gosto de criar, mas se não gravar, não lembro de nada do que fiz”, comenta. “Não virei um 'guitar hero' por causa dessa minha dificuldade de memorização."

Isso acabou levando-o a ter um estúdio. Começou no teclado, para tocar com sua banda em bailes, e teve que aprender sozinho 70 músicas em dois meses. “Foi na marra, mesmo, mas hoje eu me viro bem nesse instrumento.”

Ele aprendeu a compor de uma maneira também inusitada. Gravou vários minutos de um mesmo acorde e analisou quais as notas que combinavam com aquele acorde. “Era tipo inventar a roda.” Fez o mesmo com outros acordes. “Daí eu descobri o que é tonalidade." Gravava fitas cassete com suas composições, mas não fazia ideia de como conseguia chegar até ali.

Hoje, mora no Rio de Janeiro. O local que ele mais gosta de estar é em seu estúdio. As maiorias das trilhas bíblicas é gravada com "samplers" de orquestras, pela agilidade da produção e o custo mais baixo.

“Tenho chips diferentes de acordo com cada diretor com quem trabalho. Com Alexandre Avancini, em especial, mudo meu chip de acordo com o chip dele, porque ele também tem vários chips”.

Uma curiosidade do diretor da Record é o fato de ele não gostar de guitarras distorcidas, ao contrário de Figeuiredo nunca sentiu a necessidade de se aproximar de nenhuma religião e diz que foi intuitivo esse modo de compor que emociona os evangélicos. “Eu trabalho muito com a emoção, quero saber o que vai emocionar.”

Ele crê que o produtor musical é como uma espécie de big data. “Temos muita informação para ser processada e para dar um resultado estatístico. Nosso cérebro fica captando informação e joga, já pronto, um caminho a ser seguido. Na verdade, não é uma intuição nem uma coisa do além."

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