Atriz Olivia Munn descobriu contracenar com criminoso sexual em 'O Predador'

A nova caçada de 'O Predador', filme de 1987 com continuação em cartaz nos cinemas brasileiros, não convenceu Olivia Munn de cara. “Quando me falaram que eu seria uma cientista, já pensei: ‘A personagem é o par romântico do militar’. Então, recusei sem ler”, recorda-se a atriz, que virou uma voz ativa do movimento MeToo em Hollywood e resume bem como escolhe seus papéis. 

“Pergunto para meu agente se a personagem existiria se o protagonista masculino não existisse. Se a resposta for negativa, recuso.”

O que a atriz não sabia era que, em uma dessas cenas sem muita importância para o andamento do longa, ela estava trabalhando com um ator registrado como criminoso sexual. A poucos dias do lançamento, Munn descobriu o caso e avisou os executivos da Fox, que decidiram cortar a cena na qual a cientista era cantada pelo corredor vivido por Steven Wilder Striegel, amigo do diretor do longa, Shane Black, e condenado em 2010 a seis meses de prisão ao tentar coagir pela internet uma adolescente de 14 anos a ter relações sexuais.

Enquanto seus companheiros de elenco decidiram pular fora da promoção do filme no Festival de Toronto, no início da semana, Olivia Munn veio a público explicar a situação e não poupou ninguém, nem mesmo a Fox. “Levei uma bronca porque avisei meus colegas. O estúdio falou: ‘Por que você não ficou em silêncio? A cena foi deletada. Qual o problema?’ Respondi: ‘Bem, o problema é que aconteceu’”, disse ela à The Hollywood Reporter.

Já Black inicialmente declarou que estava “tentando ajudar um amigo”, mas mudou de ideia quando se aprofundou no caso. “Foi triste perceber que fui enganado”, declarou ao Los Angeles Times na semana da estreia.

A controvérsia eclipsou o fato de “O Predador” ter mudado de data três vezes. A razão teria sido para Black reconstruir o terceiro ato, que não agradou nas exibições-teste. O cineasta confirma que precisou refilmar a parte final da história, mas não pela falta de qualidade. “Como tínhamos um orçamento baixo, filmamos durante o dia. E o estúdio disse que precisava ficar mais assustador e que bancaria refilmagens com cenas noturnas. Essa foi a grande diferença.”

De fato, poucas coisas em “O Predador” original, lançado em 1987, foram planejadas.

O uniforme e a máscara do alienígena não funcionavam, o título original era o simplório “O Caçador” e um jovem Shane Black, que havia acabado de criar “Máquina Mortífera”, ganhou um papel como ator porque o roteiro não precisava de mudanças —e ele já havia embolsado o salário para trabalhar como escritor durante as filmagens.

“Tudo foi por acidente. O estúdio me perguntava o que eu estava fazendo ali e falei que não sabia, mas que iria para a discoteca à noite com todo o elenco”, lembra-se Black. 

Mais de 30 anos depois, ele finalmente ganhou a oportunidade de escrever e dirigir um filme da série. 
O novo “O Predador”, em cartaz no Brasil, tenta ressuscitar a franquia para um público mais jovem após quatro longas —e outros dois cruzamentos com personagens de “Alien”.

Black diz que a nova produção “é uma carta de amor ao original” e que vai superar a desconfiança em torno do longa por ser “um fã parte do público que vai aos cinemas”. “O primeiro filme é um pedaço perfeito de arte pop”, afirma o cineasta à Folha.

“Ele possui uma forma que não pode ser reduzida de tão pura. Tive a mesma intenção. Alguns podem não gostar, mas os fãs notarão que sei o que estou fazendo.”

Nessa trama requentada, um grupo de renegados liderados por um soldado (Boyd Holbrook) e uma cientista (Olivia Munn) precisa proteger um garoto autista (Jacob Tremblay) quando ele atrai uma nova espécie de predadores para sua cidade. “Como em qualquer cultura esportiva, eles [os alienígenas] estão com raiva porque seus campeões continuam a ser derrotados pelos terráqueos. O que eles fazem quando isso acontece? Usam anabolizantes. No caso dos predadores, eles retiram as habilidades de cada espécie que caçaram e criam uma nova máquina de matar”, conta o diretor.

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