Ask Ariely: Sobre esportes, doações e erro conveniente

Caro Dan,
Sou um ávido fã de futebol americano. E quando o meu time está liderando, por exemplo, por um touchdown, fico ansioso, pois não parece muita vantagem em cima do time adversário. Fico pensando: ‘Estamos liderando por APENAS um touchdown’. Por outro lado, quando nós estamos perdendo por UM touchdown fico aflito porque parece muita diferença. A mesma coisa acontece com beisebol, basquete e futebol. Como resultado, estou sempre nervoso enquanto assisto jogos com placar apertado! Por que me sinto desse jeito? Só eu me sinto assim?
—Jaydeep
 
 
Jaydeep,
Eu devo admitir que não acompanho esportes, mas por sorte, recentemente tive uma conversa com Mark Cuban, proprietário do Dallas Mavericks [time de basquete de Dallas, Texas]. Nós conversamos sobre várias relações entre a ciência do comportamento e o basquete, incluindo a ideia de aversão à perda.

Aversão à perda significa que nossa resposta emocional a uma perda é aproximadamente duas vezes mais intensa que nossa alegria com um ganho comparável: encontrar US$100 parece muito bom, enquanto perder US$100 é absolutamente desolador.

Quando seu time está à frente, você pensa que o jogo está ganho, então você foca, em grande parte, no temor de que a liderança possa ser tirada de você. Por outro lado, quando você está atrás, tudo o que você pode fazer é olhar para frente, para uma mudança positiva na liderança.
Como isso sugere, nós podemos nos beneficiar em outras áreas da vida, além dos esportes, adotando a perspectiva de estar atrás e olhando para o lado positivo.

 


Caro Dan,
Vários anos atrás, dei para minha mãe de 90 anos US$ 5 mil para ela quitar o financiamento de seu Honda Civic 2007. Ela decidiu recentemente que não quer mais dirigir e que vai vender o carro, pelo qual ela deve receber entre US$ 6 mil e US$ 8 mil. Originalmente ela planejou dar o carro para meu sobrinho (seu neto), mas já que ele não pode bancar os custos de manutenção, ela venderia o carro e daria para meu sobrinho o lucro. Minhas finanças melhoraram significativamente desde o momento em que emprestei o dinheiro, mas ela também ofereceu me devolver os US$ 5 mil com o valor da venda, o que deixaria meu sobrinho com muito pouco dinheiro. O que eu deveria fazer?
—Anastasia
 
Anastasia,
Quando encaramos questões como essa, nós normalmente entramos no que é chamado de comparação cruzada de utilidade pessoal [cross-personal/utility comparison]. Nós nos perguntamos com quanto desse dinheiro seremos beneficiados e comparamos com quanto a outra pessoa será beneficiada (seu sobrinho, nesse caso). Quando nós fazemos essa comparação, naturalmente temos uma visão um tanto egocêntrica do mundo, o que significa que normalmente superestimamos nosso próprio benefício e subestimamos os benefícios da outra pessoa.

Entretanto, uma pesquisa recente de Elizabeth Dunn e Mike Norton (que escreveram o livro Happy Money: the Science of smarter spending) mostra que doar dinheiro tem enormes benefícios para o doador. Em seus estudos, quando as pessoas compram um café para um amigo ou abrem mão de seus bônus anuais para ajudar uma organização sem fins lucrativos, o doador experimenta felicidade além de suas expectativas, e ela permanece alta por mais tempo do que eles preveem.

No seu caso, a doação seria particularmente poderosa porque tanto você quanto sua mãe estão envolvidas. Você sentiria felicidade porque facilitou a doação, e sua mãe sentiria felicidade porque está ajudando o neto, e você sentiria ainda mais felicidade por fazer sua mãe se sentir bem. Com todo esse sentimento bom por perto, resta alguma dúvida que você deveria ajudar seu sobrinho?

 

 
Caro Dan,
Eu acabei de pagar por 6 meses de aulas de ioga, mas o estúdio errou e me deu um ano inteiro. No ano passado eles cometeram muitos erros de cobrança que os beneficiaram e me oneraram. Eu deveria dizer que eles erraram e ficar somente com os seis meses que eu de fato paguei ou devo encarar que o universo está me devolvendo os pagamentos indevidos do ano passado?
—Fã aleatório
 
Claro que é o mundo restaurando o carma –mas por que demorou tanto tempo?

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