Artista desenha retratos em meio às ruínas de incêndio na Califórnia

Uma tempestade fluvial intensa varreu o norte da Califórnia nesta semana, despejando quase 60 centímetros de chuva sobre algumas áreas do condado de Sonoma e elevando o nível de água nos rios.
Santa Rosa teve o dia mais chuvoso já registrado em sua história, na terça-feira.

Moradores de Guerneville, uma pequena e pitoresca cidade turística na região vinícola do estado, foram impedidos de deixar o local pela alta nas águas. A tempestade também resultou em cancelamento de voos no aeroporto de San Francisco e no fechamento de estradas em toda a região.

Tudo isso torna quase inconcebível que, apenas alguns meses atrás, boa parte do norte da Califórnia tenha sido devastada pelo fogo, e que uma conflagração furiosa tenha praticamente destruído uma comunidade inteira.

Nas semanas e meses que se seguiram à onda de incêndios conhecida como "Camp Fire", moradores de Paradise voltaram às suas casas e só encontraram ruínas.

Shane Grammer, um artista radicado em Los Angeles que cresceu na cidade de Chico, na região, e criou instalações na Disneyland, Universal Studios e Legoland, disse que começou a encontrar imagens da destruição, postadas por pessoas que ele conhecia.

O incêndio só começou a me afetar intensamente quando amigos com quem cresci começaram a postar fotos no Facebook", ele disse. "Se as coisas voltam ao normal em seis meses, não se pode usar o termo devastação".

A casa de um amigo dele havia queimado inteira, mas a chaminé continuava em pé. Ele perguntou se podia pintar um mural na chaminé, dando sequência a uma série de imagens de rostos femininos, inspirada por histórias bíblicas, na qual estava trabalhando.

"A mulher nos representa, representa as pessoas —e me desafia a dizer que Deus realmente me ama", ele disse.

Ele pintou o mural —em três horas. E as pessoas que viram seu trabalho no Facebook se comoveram.

Grammer terminou voltando à área por uma semana, pintando imagens com tinta spray em carros incendiados e outros destroços. Em uma parede, ele pintou um retrato de Helen Pace, 84, uma mulher que morreu no incêndio.

O pintor produziu um total de 12 obras, com a permissão dos proprietários dos imóveis, e a resposta dos membros da comunidade foi muito forte, disse. "Eles ficaram muito agradecidos, pela beleza em meio às cinzas", disse Grammer.

Jeana Darby, que trabalha na Igreja Cristã da Esperança, disse ao jornal The Washington Post que um retrato de Jesus pintado por Grammer na "pia batismal calcinada da igreja foi tão encorajador quanto a cruz de madeira que encontramos ainda em pé depois que a parede contra a qual ela estava apoiada se queimou completamente".

Mas Grammer sabia desde o começo que suas obras seriam temporárias. "Tudo isso será derrubado", ele disse.

E o artista diz que isso é parte do processo de cura.

"Meu objetivo é comover as pessoas, tocá-las emocionalmente, e acredito que, quando acontecem tragédias e surgem questões pesadas, a arte me oferece uma maneira de processar o ocorrido", ele disse.

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