Após críticas de Trump, Pfizer posterga aumento no preço de remédios

A Pfizer postergou o aumento dos preços de cem de seus produtos, depois de uma discussão abrangente com o presidente Donald Trump, que disse que a empresa deveria "se envergonhar" por decretá-lo.

A rara reversão surgiu um dia depois que Trump criticou duramente os aumentos de preços —reportados inicialmente pelo Financial Times na semana passada—, afirmando que a Pfizer e algumas outras companhias farmacêuticas estavam "tirando vantagem dos pobres".

A maior fabricante independente de remédios dos Estados Unidos declarou na terça-feira que reverteria temporariamente os aumentos que entraram em vigor em 1º de julho, e se aplicavam a alguns de seus remédios mais conhecidos, entre os quais o Viagra, para disfunções eréteis, e o Xalkori, para o câncer de pulmão.

"A Pfizer vai recuar de seus aumentos de preços, para que os pacientes americanos não precisem pagar mais caro", escreveu Trump no Twitter. "Aplaudimos a Pfizer por essa decisão e esperamos que outras empresas façam o mesmo. Uma grande notícia para o povo americano!"

Em comunicado, a Pfizer informou que seu presidente-executivo, Ian Read, havia concordado em postergar os aumentos para dar mais tempo a Trump para implementar as reformas do sistema de saúde americano que ele anunciou em maio.

A empresa disse que os preços retornariam aos valores anteriores a 1º de julho e ficariam lá até o final do ano ou até que "o plano do presidente para reforçar o sistema de saúde" entrasse em vigor, o que vier primeiro.

"A Pfizer compartilha da preocupação do presidente com os pacientes e de sua dedicação a lhes oferecer os remédios de que precisam a preços acessíveis", disse Read.

Ele acrescentou que "a maneira mais fundamental pela qual o setor farmacêutico cria valor é através da descoberta de remédios inovadores que ajudam as pessoas a viver vidas mais longas, mais saudáveis e mais produtivas".

A Pfizer não informou se a decisão afetaria sua lucratividade no segundo semestre, ainda que alguns analistas tenham declarado anteriormente que ela precisava aumentar preços de maneira regular para manter o crescimento de seus rendimentos.

Na semana passada, o Financial Times reportou que a Pfizer havia aumentado os preços de alguns de seus produtos, na maioria dos casos em cerca de 9%. Foi a segunda vez que a empresa decretou aumentos para uma série de remédios, este ano, o que significa que os preços de alguns de seus remédios estavam quase 20% mais altos do que no começo de 2018.

Os fabricantes de medicamentos costumavam aumentar os preços de seus produtos duas vezes por ano - a primeira em janeiro e a segunda logo depois da metade do ano - mas muitos optaram por não realizar o segundo aumento, dado o escrutínio mais intenso quanto às práticas de formação de preços do setor.

No entanto, a Pfizer manteve a prática de dois aumentos por ano, o que a deixou mais exposta às consequências políticas dessa estratégia. O grupo de biotecnologia Celgene e a Novo Nordisk, que fabrica remédios contra o diabetes, também aumentaram preços mais de uma vez em 2018, e o mesmo se aplica a uma série de empresas menos conhecidas.

No começo da semana, Trump recorreu ao Twitter para uma crítica raivosa à decisão da Pfizer: "Pfizer & outros deveriam se envergonhar por aumentar preços de remédios sem razão. Estão simplesmente tirando vantagem dos pobres & outras pessoas incapazes de se defenderem, e ao mesmo tempo oferecendo pechinchas para outros países na Europa & outras partes. Reagiremos!"
 
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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