Airbnb suspende locação de casas em assentamentos israelenses na Cisjordânia

A empresa de locação de imóveis Airbnb está suspendendo ofertas de casas nos assentamentos israelenses na Cisjordânia, cedendo a três anos de pressão de grupos de direitos humanos. 

Yariv Levin, o ministro do Turismo de Israel, descreveu a medida da Airbnb como "a mais deplorável capitulação aos esforços de boicote".

Alguns ativistas de direitos humanos, incluindo o movimento Boicote, Desapropriação e Sanções, fizeram campanha para que empresas internacionais encerrem suas operações na Cisjordânia ocupada. 

Isto ocorre nas vésperas de um relatório da Human Rights Watch que descobriu na plataforma de locações Airbnb mais de cem ofertas de casas em assentamentos israelenses.

Cerca de 450 mil israelenses vivem na Cisjordânia, que Israel tomou do controle da Jordânia em 1967. A maioria dos países considera os assentamentos israelenses uma violação do direito internacional.

"Concluímos que devemos remover as listagens nos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada que estão no centro da disputa entre israelenses e palestinos", disse a Airbnb em seu site na web.

"Nossa esperança é que um dia, antes cedo que tarde, seja implementado um esquema em que toda a comunidade global esteja alinhada, para que haja uma solução para esse conflito histórico e um claro caminho à frente para todos seguirem."

A Airbnb torna-se a mais recente companhia a ceder à pressão de grupos de direitos humanos para evitar produtos feitos nos assentamentos israelenses. A empresa de refrigerantes SodaStream mudou sua fábrica de um assentamento na Cisjordânia após uma campanha que durou meses. Músicos como Lorde, da Nova Zelândia, canelaram apresentações para indicar seu apoio ao fim da ocupação da Cisjordânia por Israel.

Israel reagiu a essas exigências dizendo que se assemelham a antissemitismo porque contestam a legitimidade do Estado de Israel. Os grupos de direitos humanos insistem que estão destacando violações ao direito internacional nos assentamentos.

"Organizações de boicote a Israel não distinguem entre o Estado de Israel e a Judeia e Samária", disse Gilad Erdan, o ministro de Assuntos Estratégicos israelense, usando o nome bíblico da Cisjordânia, que os judeus praticantes consideram o ponto vital de sua religião. "No que lhes diz respeito, e declararam abertamente, todo o Estado de Israel não tem o direito de existir."

A HRW disse que também encontrou propriedades para locação na Booking.com, e pediu que a empresa remova essas listas. Seu relatório afirma que as listas violam a lei internacional e diretrizes da ONU, e que ao negar aos palestinos o direito de alugar suas casas também está aumentando a discriminação. A maioria dos palestinos só pode entrar nos assentamentos com permissões de trabalho, e raramente são autorizados a passar a noite neles.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) disse que pediu à Airbnb que mude suas políticas em 2016, e que as listagens da companhia promovem a "colonização israelense ilegal de terra ocupada".

Israel considera os assentamentos legais, e quase quadruplicou o número de judeus que vivem na Cisjordânia, cuja população é de maioria árabe, desde a assinatura dos acordos de paz de Oslo em 1993.

Os acordos deveriam estabelecer um Estado Palestino e a retirada das forças israelenses, juntamente com o desmonte de pelo menos alguns assentamentos. 

As negociações de paz formais falharam, e a última rodada patrocinada pela ONU ocorreu em 2014.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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