1968 - 18ª E 19ª BOMBAS: Em SP, série de explosões em ferrovias atinge trens

Duas bombas em trens em São Paulo, na noite da sexta-feira 12 de julho de 1968, voltaram a desafiar a ditadura miliar, instalada no país havia quatro anos.

As ações não provocaram vítimas, mas danificaram dois vagões de composições diferentes.

Um trem estava parado na estação Roosevelt (atualmente chamada de Brás) quando o explosivo foi detonado. O outro passava por um pontilhão da Alameda Nothmann, no bairro de Campos Elíseos.

Cinco dias antes desses atentados, cinco ataques foram feitos em áreas de ferrovias. Provocaram estragos em linhas férreas e outras instalações, mas ninguém ficou ferido.

No dia 8 de julho, o ministro da Justiça, Luís Antônio Gama e Silva, participou de uma reunião com o chefe do Departamento da Polícia Federal em São Paulo, o general Sílvio Correia de Andrade, e com diretores e chefes de segurança de ferrovias para discutir os ataques.

Os serviços de segurança estaduais e federais entraram em prontidão. Mesmo assim, o esquema estabelecido não evitou que dinamites fossem colocadas dentro de trens.

Em um período de quatro meses, 19 casos de bombas, pelo menos, foram registrados na região metropolitana de São Paulo naquele ano. O levantamento foi feito pelo Banco de Dados e está sendo publicado no Blog do Acervo Folha.

Essa era uma época em que grupos armados estavam mobilizados e protagonizavam ações para tentar desestabilizar o regime militar.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

As duas bombas de 12 de julho explodiram em um intervalo de cerca de uma hora. A primeira estourou por volta das 22h20 em um trem da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.

Ele estava a passar pelo pontilhão da Alameda Nothmann, no Campos Elíseos, em direção à estação da Luz, na região central de São Paulo.

Segundo o Departamento da Polícia Federal, o explosivo havia sido deixado dentro do banheiro com a porta fechada, e nenhum dos seis passageiros do vagão ficaram feridos.  As pessoas ficaram apavoradas e desceram do comboio que parou e abriu suas portas.

Ao investigar o caso, os agentes federais disseram acreditar que a bomba teria sido preparada para estourar quando o trem já estivesse na estação Luz, a menos de um quilômetro dali.

Funcionários da ferrovia informaram que a movimentação de passageiros de sexta-feira na estação costumava ser maior, e uma explosão àquela hora poderia gerar pânico no local.

A outra bomba da noite foi detonada por volta das 23h15 em um trem da Estrada de Ferro Central do Brasil, na estação Roosevelt (hoje Brás).

O comboio veio de Mogi das Cruzes, transportando muitos estudantes e professores. A explosão ocorreu cinco minutos depois da chegada, quando os passageiros  já haviam descido.

A bomba, que tinha sido colocada embaixo de um dos bancos, provocou um rombo no assoalho e assustou as pessoas que embarcariam em uma composição próxima.

Os seguranças da estação chegaram a deter dois homens. Porém constaram que eles estavam bêbados.

Passageiros já tinham saído do trem após chegada ao Brás – Reprodução

De acordo com o chefe do Departamento da Polícia Federal em São Paulo, o general Sílvio Correia de Andrade, o laudo pericial apontou que as duas bombas eram feitas de dinamites, sem canos ou roscas como as usadas em outros atentados.

Isso o forçava a crer que os explosivos foram roubados de pedreiras. Segundo o general, os responsáveis pela ação tentavam chamar a atenção com as ações em trens.

“Os terroristas querem fazer guerra psicológica e propaganda de uma força que realmente não possuem”, disse. “Eles querem demonstrar força para conseguir adeptos”, declarou.

O delegado João Candido Delfino, do Serviço de Ordem Política e Social, manifestou a sua intenção de pagar 2 milhões de cruzeiros velhos (o que equivaleria hoje a cerca de R$ 16 mil) a quem lhe oferecesse uma boa pista sobre os atentados.

“O dinheiro influenciará não só os alcaguetes como algum parente de terrorista que esteja necessitado”, afirmou Delfino.

A atitude, porém, não era aprovada por todos nas forças de segurança. O general Sílvio Correia, por exemplo, tinha afirmado que não ofereceria dinheiro nenhum a ninguém no caso.

O fato é que mais uma vez a polícia encontrava muitas dificuldades para tentar solucionar casos de bomba que geravam grande repercussão.

Veja também:

1968 – A PRIMEIRA BOMBA: Explosão no Consulado dos EUA deixa feridas abertas até hoje

1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública

1968 – A TERCEIRA BOMBA: Explosão endereçada ao 2º Exército fere 2 pessoas

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